Alessandra de Paula (*)
A logística de transporte se estabelece, na atualidade, com o propósito de oferecer à empresa o diferencial competitivo que lhe permitirá destacar-se frente à concorrência.
Os operadores logísticos, atentos ao fato que o transporte de cargas responde pela média de dois terços dos custos logísticos totais, buscam sempre alternativas viáveis, que possuam baixo valor agregado e que possam ser utilizados para remessas a longas distâncias.
Entre os modais, quando o objetivo é a redução de custos, poderia ser alvo de escolha o aquaviário, mais econômico, mais seguro, mais barato e menos poluente.
O Brasil possui um enorme potencial hidroviário, pois conta com rios navegáveis em suas 12 bacias hidrográficas e a extensão de sua costa marítima possibilita a realização de navegação de cabotagem.
Em termos fluviais, são 63 mil quilômetros que poderiam ser aproveitados para o escoamento de produção, dos quais são utilizados apenas 19,5 km, o que significa que esse modal é utilizado para o transporte de apenas 5% do montante nacional, conforme dados da CNT (2019).
O maior impedimento para que todo esse potencial seja aproveitado está no excesso de burocracia, na quantidade de normas a serem seguidas e, principalmente, na falta de uma legislação única que permita a utilização desse modal de transportes no país.
O transporte hidroviário, muito utilizado na região Amazônica, apresenta capacidade para transportar um elevado volume de cargas com menor custo variável, com um custo fixo médio referente aos navios e equipamentos. Para esse modal, são utilizados dois tipos de navios: o navio de águas profundas, projetado para o transporte costeiro, oceânico e em regiões de grandes lagos, e as barcas, que são utilizadas para operações em rios e canais.
Com relação à navegação de cabotagem, que possui um grande potencial operacional, ela pode contribuir para melhorar a eficiência do sistema de transporte brasileiro, trazendo como resultados positivos maiores lucros e ajudando a proteger o meio ambiente, visto que é menos poluidora.
São 7,4 mil quilômetros de área costeira, por onde circularam, em 2021, 288,3 milhões de toneladas, entre petróleo (49%), derivados de petróleo (16%) e contêineres (13%). Toda essa movimentação de carga representou um aumento de 5,6 % em relação ao ano anterior, conforme a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
A navegação de longo curso também apresentou, em 2021, um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior, movimentando 853,4 milhões de toneladas, conforme a ANTAQ. Em exportações, utilizando esse modal, apenas para a China o percentual é de 51%, enquanto que, nas importações, encontram-se os Estados Unidos (24%), China (11%), Rússia (7 %) e Argentina (6%) como principais parceiros comerciais.
Apresentados esses resultados, resta a dúvida em relação à baixa utilização do modal aquaviário. Wander Costa, presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), aponta que, para que essa utilização seja otimizada, precisa-se de um modelo diferenciado de matriz de transporte que contemple as necessidades de um país com as características do Brasil.
O atendimento de todas as localidades brasileiras pressupõe uma integração de modais sem que se perca de vista a eficiência, os custos e os investimentos necessários, não apenas nas rodovias e ferrovias, mas nas hidrovias, com construção de eclusas, portos e terminais de carga e descarga.
*Professora Alessandra de Paula é coordenadora dos cursos de Logística e Gestão do E-commerce e Sistemas Logísticos da Escola de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br