No acumulado em 12 meses, IPCA subiu para 4,56%, se mantendo acima do centro da meta. Alta dos combustíveis responderam por quase um terço da inflação do mês.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,45% em outubro após ter registrado alta de 0,48% em setembro, segundo divulgou nesta quarta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da desaceleração em relação ao mês imediatamente anterior, trata-se da maior taxa para o mês desde 2015 (0,82%). O IPCA de outubro foi puxado principalmente pela alta dos preços de combustíveis e alimentação.
No acumulado em 12 meses, o índice ficou em 4,56%, acelerando frente aos 4,53% dos 12 meses imediatamente anteriores e se mantendo acima do centro da meta do Banco Central, que é de 4,5% para o ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,55% em outubro, acumulando em 12 meses alta de 4,66%.
No acumulado nos 10 primeiros meses do ano, a alta é de 3,81%, acima do registrado em igual período de 2017 (2,21%).
Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, a manutenção da taxa dentro da meta do governo dependerá do resultado de novembro e “vai depender do movimento dos alimentos e dos combustíveis”.
Ele destacou pontuou que houve recentes movimentos importantes sobre itens de muito peso no consumo das famílias, tais quais o fim da bandeira tarifária vermelha nas contas de energia elétrica, o aumento do preço do gás de cozinha e a queda no preço da gasolina nas refinarias.
Para o IPCA de novembro, Gonçalves adianta que haverá impacto de reajustes regionais nas tarifas de energia elétrica (15,23% em uma concessionária de SP; 15,56% em Goiânia e 6,18% em Brasília); do reajuste em 4,61% do gás encanado no Rio de Janeiro e da alta de 6% nas tarifas de ônibus intermunicipal em Fortaleza.
Transportes e alimentos puxam alta
Os preços do grupo alimentação e bebidas aceleraram para 0,59% em outubro, enquanto os preços relacionados à transportes registraram alta de 0,92%. “Juntos, esses dois grupos responderam por 43% das despesas das famílias e contribuíram com cerca de 70% do índice do mês”, destacou o IBGE.
Mais uma vez os preços dos combustíveis foram destaque de alta, com variação de 2,44%. Mesmo com desacelaração na comparação com setembro, os combustíveis responderam por aproximadamente um terço da inflação oficial em outubro, em razão do peso do item na composição do índice.
A maior alta foi no etanol (4,07%), seguido por óleo diesel (2,45%), gasolina (2,18%) e gás veicular (0,06%). Ainda no grupo transportes, as passagens aéreas tiveram alta de 7,49%.
No grupo alimentação e bebidas, a alta foi puxada pelos custos da alimentação no domicílio (0,91%), com destaque para o aumento do preço do tomate (51,27%), batata-inglesa (13,67%), frango inteiro (1,95%) e carnes (0,57%).
IPCA em outubro por setor:
-Alimentação e Bebidas: 0,59%
-Habitação: 0,14%
-Artigos de Residência: 0,76%
-Vestuário: 0,33%
-Transportes: 0,92%
-Saúde e Cuidados Pessoais: 0,27%
-Despesas Pessoais: 0,25%
-Educação: 0,04%
-Comunicação: 0,02%
-Gasolina acumula alta de 22% em 12 meses
A gasolina foi o item de maior impacto individual na composição do IPCA de outubro (0,10 ponto percentual). Em 12 meses, a gasolina também aparece como a principal pressão sobre a inflação, acumulando alta de 22,31% e respondendo por 0,90 p.p. da variação de 4,56% do índice no período.
Veja abaixo as principais pressões na composição do índice no acumulado em 12 meses:
-Gasolina – 22,31%
-Energia elétrica residencial – 16,69%
-Plano de saúde – 11,75%
-Leite longa vida – 25,76%
-Empregado doméstico – 4,20%
-Cursos regulares – 5,68%
-Refeição fora – 3,01%
-Ônibus urbano – 5,04%
-Taxa de água e esgoto – 6,40%
-Etanol – 11,85%
Segundo o IBGE, estes 10 itens respondem por 67% do índice acumulado em 12 meses.
Meta de inflação
A previsão dos analistas para a inflação em 2018 caiu de 4,43% para 4,40%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
O percentual esperado pelo mercado continua abaixo da meta de inflação que o Banco Central precisa perseguir neste ano, que é de 4,5% e dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema – a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 3% e 6%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 6,5% ao ano.
Para 2019, os economistas das instituições financeiras mantiveram sua expectativa de inflação estável em 4,22%. A meta central do próximo ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,75% a 5,75%.
Em 2017, a inflação oficial do país ficou em 2,95%, fechando pela primeira vez abaixo do piso da meta fixada pelo governo, que era de 3%.
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, e se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além de Brasília e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Em outubro, a maior inflação foi registrada em Porto Alegre (0,72%), influenciada pela alta de 66,08% nos preços do tomate e de 2,55% da gasolina. O menor índice, de 0,21%, foi registrado no Recife e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a alta foi de 0,61%.
INPC varia 0,40% em outubro
O IBGE também divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência para reajustes salariais e aposentadorias, teve variação de 0,40% em outubro.
O acumulado no ano ficou em 3,55%, acima do 1,62% registrado em igual período do ano passado. Em 12 meses, a alta é de 4%, acima dos 3,97% dos 12 meses imediatamente anteriores.
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