A desaceleração econômica e incertezas do período pré-eleição contribuíram para interromper dois anos consecutivos de melhoria na demanda por produtos químicos
São Paulo, 06/02/2019 – A demanda por produtos químicos de uso industrial medida pelo consumo aparente nacional (CAN) teve recuo de 1,1%, em 2018, em relação ao ano anterior, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim.
Em volume, todas as variáveis que compõem o CAN exibiram recuos em 2018, sobre o ano anterior: índice de produção (-3,93%), importações (-2,8%) e exportações (-16,9%). O desempenho do índice de vendas internas também acompanhou o cenário citado, com recuo de 0,74%. A utilização da capacidade instalada, que reflete a combinação do nível de atividade do setor e das características de operação da química (processo contínuo de produção), ficou em 77% durante o ano de 2018, contra 79% no ano anterior. Já o índice de preços teve elevação expressiva, de 19,49% no ano passado, acompanhando a cotação de preços dos produtos químicos no mercado internacional, o que reprimiu o ímpeto do consumidor brasileiro em relação às importações.
O ano de 2018 foi significativamente afetado pelos resultados negativos dos últimos dois meses. Em novembro, os índices de produção e de vendas internas tiveram quedas de 6,55% e de 1,71%, respectivamente, em relação ao mês anterior, enquanto que em dezembro, os recuos foram de 4,45% para a produção e de expressivos 10,78% para as vendas internas, em relação ao mês anterior. A menor atividade nos últimos dois meses do ano é explicada pela sazonalidade típica do período e também pela desaceleração econômica. No acumulado do quarto trimestre de 2018, sobre igual período do ano anterior, os volumes recuaram: o índice de produção foi 7,65% inferior, enquanto o de vendas internas teve desempenho 8,08% pior.
Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a desaceleração econômica, as conturbações políticas, a greve dos caminhoneiros – que prejudicou a movimentação de cargas em maio-junho – a volatilidade do câmbio, especialmente no período pré-eleição, e as incertezas advindas desse cenário explicam o recuo da atividade no ano passado e interrompem um período de dois anos consecutivos de melhorias na demanda.
A executiva acredita que o setor deve retomar a trajetória de crescimento em 2019, mas aponta que para isso são necessárias medidas capazes de alterar os rumos da economia e colocar o País na rota de atratividade de investimentos mundiais. “Além do custo Brasil, especificamente na química, os custos com aquisição de matérias-primas e energia e a deficiência logística impõem um peso adicional ao produtor local. Sem resolver essas questões e sem consolidar uma reforma tributária, que eliminem distorções que afetam a atividade produtiva virando custos, dificilmente o País ganhará competitividade. Essas mudanças são essenciais, inclusive, para se realizar uma abertura comercial nos moldes que o novo governo pretende”, conclui Fátima.
Assessoria de Imprensa
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