* Philippe Minerbo
Ao ler este texto, de alguma forma você está sendo cookado, tagueado e algum algoritmo criado, para que essas informações sejam acessadas mais tarde. Isso vale para todos: consumidores, produtos e serviços. Os dados viraram a commodity mais valiosa no mundo dos negócios. Eles ajudam as organizações a reduzirem seus custos, a tomarem decisões mais rápidas e apuradas e até a criar novos produtos e serviços que atendam a demandas diárias dos consumidores.
A cadeia de suprimentos ou Supply Chain também está passando por essa digitalização, liderada pelo Big Data e Analytics. Segundo pesquisa do Supply Chain Insights, 93% dos entrevistados acreditam que o Big Data irá gerir esta disciplina até o final de 2020. Diria que não vai demorar tanto assim. É uma mudança de abordagem radical, que tem como consequência direta melhoras significativas no tempo de entrega, na confiabilidade, no custo e no controle. Essa abordagem tornou-se imperativa, dada a crescente concorrência dos mercados, as altíssimas expectativas dos consumidores e o crescimento constante e acima da média do e-commerce.
Neste novo cenário, as regras mudaram: o que era desejável virou mandatório e o que era vislumbrado, tem se concretizado. Por exemplo, os tempos de entrega diminuem continuamente. Informar o passo a passo do status de entrega deixou de ser acessório e tornou-se uma ferramenta eficaz para “aplacar” a ansiedade do consumidor.
Nunca tivemos acesso a um volume de informações tão grande, de fontes e naturezas distintas, quase que em tempo real. Acrescenta-se a isso os dados históricos, dados de venda, pesquisas setoriais, indicadores macroeconômicos e os dispersos na internet. Mas, com toda essa fonte inesgotável de informações, as empresas precisam saber usá-las de forma inteligente, navegar e entender adequadamente tudo o que está disponível, caso contrário, o retorno sobre o investimento tardará a chegar.
Com isso, as cadeias logísticas vêm sendo redesenhadas com base nos dados e análises. Hoje esse processo se divide em 4 etapas evolutivas: descritiva ou histórica; regressiva ou preditiva; prescritiva e, no topo delas, a cognitiva. Entre as empresas, podemos dizer que 30% delas estão no primeiro estágio, 50% no segundo e 20% no terceiro. Poucas figuram na última etapa, como Amazon e Netflix, que se baseiam no comportamento e demanda de seus clientes. Neste último caso, o importante não é adivinhar, mas sim captar rapidamente a mudança e momentos do consumidor, como o conceito matemático da inflexão, em que a curva muda para cima ou para baixo.
Um bom exemplo de cadeia logística bem construída é a usada por uma grande rede varejista de e-commerce de moda. Ela usa as informações do cliente para adequar a oferta, o fluxo do pedido e da entrega. A entrega acontece como planejado e aí começa o ciclo novamente com novas ofertas, etc. Normalmente as empresas que já nascem digitais tem mais facilidade em montar suas cadeias usando a informação, pois informação é parte do DNA da empresa.
Os dados também são a base para tornar as cadeias de suprimentos mais resilientes e responsivas. A análise dos dados históricos e fontes externas permite a identificação de pontos de risco e quais eventos fortuitos poderiam impactas as operações. É o caso, por exemplo, de tempestades, inundações, queda de pontes e até greves. Com o diagnóstico na mão, é possível desenhar estratégias de continuidade, como rotas e modais alternativos. A greve dos caminhoneiros em 2018 foi um bom exemplo. Muitas empresas não estavam preparadas, mesmo com informações sobre o movimento estarem disponíveis há semanas.
Alinhado aos dados na cadeia de suprimentos, une-se a tecnologia Blockchain, autenticando as transações entre os parceiros e validando entre todos os participantes, principalmente no comércio exterior. Com aplicação correta do Blockchain, o processo tende a ser ainda mais célere e confiável, reduzindo assim custos com burocracia, uma vez que irá atuar já a partir do momento da compra, com banco envolvido, navegação, despachante, porto, etc.
Vale ressaltar que a falta de informação não pode mais ser uma desculpa para não se fazer o que é necessário para montar, de maneira eficaz, uma cadeia de suprimentos sólida e adaptativa. Os dados estão disponíveis, acessíveis, compartilhados e detalhados. Fazer uso correto deles irá agregar novos valores aos negócios e, de quebra, elevar a logística a um novo patamar.
* Philippe Minerbo é diretor executivo da Cosin Consulting Linked by Isobar
Philippe Minerbo tem vasta experiência em Negócios, Sistemas, Gestão de Projetos e Transformação Digital, com atuação internacional nos EUA, México, Argentina, Tailândia e Canadá. É Head da Cosin Consulting México e Executivo Sênior da Cosin Consulting Brasil. No México, é responsável pela implantação da nova operação, venda, estruturação e entrega de projetos. Pelas operações Brasil, é responsável por venda e entrega de projetos de Supply Chain, Centro de Serviços Compartilhados, Otimização de Processos e de Gestão em vários segmentos de negócio (varejo, indústria, serviços, farmacêutica, agronegócio). É Líder das ofertas de Digital Supply Chain e Analytics, com desenvolvimento de visões, abordagens, metodologias e treinamentos, além de apoio nos processos de venda e entrega dos projetos relacionados aos temas. Teve passagens por empresas como Vivox Comércio Importação e Exportação, Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), Webb Consultoria, eBusiness e Outsourcing (atual Nimbi), Leo Madeiras, Máquinas e Ferragens, Touchdown Freight Inc., PwC, Rhodia e Dow Química. É formado em Engenharia Química pela Escola de Engenharia Mauá, com MBA, Master in International Management, Thunderbird, pela School of Global Management, em Negócios Internacionais (Phoenix, EUA), e pela Universidad Autónoma de Guadalajara (Guadalajara, México). Minerbo também participou recentemente de cursos e eventos de especialização executiva nos temas blockchain aplicado ao Supply Chain, Design Thinking, Pensando e Agindo como um CEO, além de Feiras Movimat e Cemat e Cursos On-Line (Estruturação Pensamento, Redes, Banco de Dados). Foi professor na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI-SP), no curso Gestão Logística Empresarial, módulo Projetos de Supply Chain; e professor pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no módulo Gerenciamento de Projetos no curso MBA Executivo Júnior.
Assessoria de Imprensa
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