Novas tecnologias, reconfigurações profissionais e os desafios desta revolução
Junto com a 4ª revolução industrial — ou indústria 4.0 — veio a reestruturação dos processos e atividades logísticas, em atenção às mudanças promovidas pela transformação digital nos modelos de negócios. A chamada Logística 4.0 apresenta uma cadeia com mais previsibilidade nas demandas, melhor nivelamento de estoques, análises preventivas de manutenção de frota e custos reduzidos ao longo dos processos. Entre as premissas que fazem parte dessa filosofia, estão: zero estoques; just in time; informações disponíveis em tempo real e de fácil acesso; visão integrada da cadeia de suprimentos; lead time reduzido; centros de distribuição inteligentes.
“O mundo está vivendo uma nova forma de fazer negócios. Com isso, a logística também muda. Empresas de todos os portes precisam se reformular com base no que será relevante para o cliente, além de acompanhar as transformações, desenvolver estratégias, adotar tecnologias e preparar muito bem seus colaboradores para que tenham as competências necessárias para trabalhar dentro desta nova perspectiva de inovação e colaboração”, explica Josana Teruchkin, diretora executiva da Sulista.
Novas tecnologias
Com a automatização dos processos, a produtividade aumentará e as operações ficarão mais eficientes. As empresas devem ficar mais independentes dos grandes centros de distribuição e toda a supply chain ganhará em qualidade e diminuição dos prazos.
“Toda operação fica mais conectada e rápida, desde máquinas e transportadoras até os colaboradores”, explica Josana. Além disso, as torres de controle logístico estão cada vez mais inteligentes. De acordo com o diretor Operacional da Sulista, Ronaldo Lemes outro exemplo de estratégia da nova logística é o Centro de Controle de Operações. “Com esse novo modelo, cada etapa do processo operacional é monitorado e permite tomadas de decisões rápidas e assertivas. Trabalhamos 365 dias por ano e 24 horas por dia. Nossa gestão, sem dúvidas, ficou mais produtiva”, conta Lemes, que destaca a possibilidade de identificar imediatamente com quem se fala e as necessidades do motorista, promovendo ganhos reais em otimização de rotas, arranjos e logística reversa, como principais vantagens.
Outro ganho da tecnologia está no consumo de combustível, algo muito relevante no setor. Dados obtidos a partir de sensores nos tanques resultam em um verdadeiro big data que pode ser utilizado para inibir roubo de combustível, garantir a exatidão de abastecimentos e até mesmo gerar insights para determinar padrões de direção mais econômicos.
Para Angela Gheller Telles, diretora dos segmentos de Manufatura e Logística da TOTVS, a chamada tecnologia machine learning pode ser aplicada em desafios importantes do setor de transportes como: desgaste de pneus, segurança, manutenção preditiva, otimização do uso dos ativos, entre outros. “Acreditamos que o uso inteligente de dados possui potencial para geração de ganhos em todas as áreas do negócio”, completa.
Já o coordenador de Tecnologia em Logística na FAE Business School, Jorge Wilson Michalowski, aponta que a inteligência artificial beneficia toda a sociedade com o modelo de gestão baseado em dados com decisões acertadas. “A sociedade e o estilo de vida das pessoas também estão sendo transformados pela IoT. Os clientes estão cada dia mais ultra conectados. Admite-se que uma gestão inovadora será a fábrica inteligente que, além de promover níveis de rendimentos globais, melhora a qualidade de vida de todos”, conta o coordenador.
Além disso, os especialistas esperam que a tecnologia de impressão 3D cause uma ruptura ainda maior, eliminando a necessidade de movimentação física – peças de reposição, por exemplo, podem ser impressas in loco. “A adesão ao modelo de crowdsourcing, no lugar de fornecedores tradicionais, potencializado por bases digitais, tem enorme força para modificar alguns modelos de negócios logísticos por completo. Indo além, plataformas para contratação de transporte, similares ao modelo da Uber, e marketplaces, que excluem os intermediários da cadeia ou trabalham com o conceito de leilão reverso, são possibilidades reais – e muito do que aquecerá na Logística 4.0 no Brasil, nos próximos anos”, aponta Ângela.
Desafios
Diante de tantas novidades, um dos principais desafios está na cultura organizacional. As pessoas precisam se preparar para mudar a forma como executam os processos. Outro ponto de atenção é a sincronização das atividades. Para eliminar estoques e diminuir lead time dos pedidos é preciso integrar o fluxo de trabalho dos fornecedores e contemplar toda a cadeia de abastecimento. Segundo Michalowski, os sistemas carecem de integração. “Creio que o processo operacional detém a maior necessidade do uso de tecnologias, pois o termo eficiência e disrupção tornou-se obrigatórioo no contexto atual”, afirma.
A Sulista, por exemplo, se adiantou a esse desafio e encarou a implantação de um sistema moderno baseado na “IoT”. O diretor de Inovação do Grupo KMM InovUP, Alexandre Eugenio, participou de todo o processo. Agora, os recursos digitais são organizados e promovem visibilidade de toda a cadeia. “Com isso, reduzimos a incidência de possíveis erros inerentes ao trabalho manual. Os sistemas de gestão KMM na Sulista permitem a identificação de problemas de maneira mais rápida e dinâmica, com decisões e soluções racionais”, afirma Eugenio.
Apesar de ainda existir um longo caminho a ser percorrido e consolidado no que diz respeito a logística 4.0, a especialista Ângela afirma que essa é a realidade para todos os tipos de empresas. “A visão de que a logística 4.0 é apenas para os grandes vai morrer de vez! Afinal, já há inúmeras ofertas e modalidades que democratizaram as tecnologias, do sistema de gestão à Inteligência Artificial e IoT. Assim, é preciso criar uma agenda de inovação e acreditar que isso não é algo “do futuro”. Entender que se você não fizer, o concorrente vai fazer e que, talvez, daqui a algum tempo isso nem seja mais um diferencial competitivo”, finaliza.
Assessoria de Imprensa
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