Na véspera, moeda dos EUA fechou a R$ 4,1952, maior valor desde o início do Plano Real.
O dólar passou a operar em queda nesta sexta-feira (14), após atingir R$ 4,21 na abertura da sessão, em movimento de correção depois de bater na véspera o recorde do Plano Real, com a cautela com a cena eleitoral de pano de fundo em dia de novas pesquisas de intenções de voto.
Às 11h30, a moeda norte-americana caía 0,27%, negociada a R$ 4,1839 na venda. Veja mais cotações.
Na máxima do dia, o dólar chegou a atingir R$ 4,2103.
“(O cenário para os mercados) emergentes aliviou e, como o real subiu muito ontem, abriu tentando realizar”, explicou à Reuters a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
Segundo a Reuters, os investidores têm optado por posições defensivas enquanto buscam mais clareza sobre o desfecho eleitoral, ao mesmo tempo em que começam a questionar sobre possíveis intervenções do Banco Central com o dólar no patamar de R$ 4,20, já que a moeda estava nesses níveis quando o BC atuou no final do mês passado.
“O BC também poderia estar esperando para ter um cenário mais claro para intervir no mercado de câmbio”, avaliou Fernanda.
Para a sessão desta sexta-feira, por ora, o BC apenas anunciou o leilão para rolagem do vencimento de swaps tradicionais -equivalente à venda futura de dólares- de outubro, no total de US$ 9,801 bilhões, com oferta de até 10,9 mil contratos. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
No exterior, o dólar subia ante a cesta de moedas e operava misto ante emergentes, com destaque para o recuo ante o rublo após o banco central russo elevar os juros para 7,5%.
Recordes anteriores
Na véspera, o dólar encerrou o dia em alta de 1,11%, a R$ 4,1952, novo recorde histórico de fechamento. Antes disso, a maior cotação havia sido em 21 de janeiro de 2016, quando a moeda chegou a R$ 4,1631. O maior valor intradia, entretanto, foi o registrado no dia 24 de setembro de 2015, quando o dólar chegou a R$ 4,2484.
Nas casas de câmbio, o dólar turismo já é negociado acima de R$ 4,60 no cartão pré-pago, considerando a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
No acumulado do ano, a moeda dos EUA tem valorização de mais de 26% em relação ao real. No mês de setembro, o avanço é de mais de 3%.
Novo patamar e perspectivas
A recente disparada do dólar acontece em meio a incertezas sobre o cenário eleitoral e também ao cenário externo mais turbulento, o que faz aumentar a procura por proteção em dólar.
nvestidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram intenção de voto mais baixa para candidatos considerados mais pró-mercado. Na avaliação do mercado, os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto são menos comprometidos com determinados modelos de reformas econômicas considerados fundamentais para o ajuste das contas públicas.
Na prática, as flutuações atuais ocorrem principalmente conforme cresce a procura pelo dólar: se os investidores veem um futuro mais incerto ou arriscado, buscam comprar dólares como um investimento considerado seguro. E quanto mais interessados no dólar, mais caro ele fica.
Outro fator que pressiona o câmbio é a elevação das taxas básicas de juros nas economias avançadas como Estados Unidos e União Europeia, o que incentiva a retirada de dólares dos países emergentes. O mercado tem monitorado ainda a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais e a crise em países como Argentina e Turquia.
A visão dos analistas é de que o nervosismo tende a continuar até que se tenha uma maior definição da corrida eleitoral.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 ficou estável em R$ 3,80, segundo último boletim Focus do Banco Central. Para o fechamento de 2019, permaneceu inalterada em R$ 3,70 por dólar.
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