Por Jean Carlos Pereira*
Acompanhamos nos últimos dias, com bastante apreensão, as notícias vindas de diversos países, especialmente da Ásia e da Europa, relacionadas ao impacto do coronavírus. O Covid-19, que iniciou uma onda de contágios na China e se alastrou por todo o mundo está longe de ser apenas um problema de saúde. Seu impacto já se reflete nos negócios e preocupa governos, multinacionais e agora, empresas de todo e qualquer porte e segmento. Alta de moedas estrangeiras, bolsas de valores derretendo, fronteiras fechadas. Esse cenário pessimista que pode se estabelecer como uma crise global semelhante a 2008 também começa a impactar a logística brasileira.
A primeira questão a ser avaliada sob a ótica logística é a redução da chegada e saída de insumos via portos. Na China, que acaba de passar pelo pico da doença e começa, aos poucos, a normalizar os serviços, contêineres se acumulam nos portos e navios saem mais vazios. Isso significa que o que vem de lá para o Brasil não está chegando – ou chegará com atraso, sentiremos os reflexos desta queda na movimentação nos próximos meses. Além disso, as exportações para a Ásia também são afetadas, uma vez que há uma importante redução no número de navios em direção ao continente. A China não é apenas fonte de importação, mas também o principal mercado para produtos brasileiros como soja, minério de ferro, petróleo, carnes e celulose. O resultado é o acúmulo nos portos e até mesmo a perda de insumos perecíveis.
Em solo brasileiro, a logística perde em diversos aspectos e os impactos chegarão em pouco tempo às linhas de produção e vendas. Se a matéria-prima não chega, não há como produzir. Se o produto não está saindo para o destino final, os estoques superlotam e não haverá como manter o ritmo produtivo.
Especulações de mercado apontavam no início de março perdas na casa dos US$ 104 milhões para as exportações brasileiras e US$ 50 bilhões em todo o mundo. Essa lacuna causada pelas medidas de contenção em diversos países acaba chegando ao Brasil em uma onda que merece atenção e também ações de contenção.
É fundamental que as empresas estejam preparadas para a realização de ações coordenadas para a redução do impacto econômico interno. Contar com uma operação logística amplamente monitorada é o primeiro passo para se evitar perdas desnecessárias. A contratação de embarcadores apenas com a certeza de que o transporte está confirmado é um exemplo simples de como a tecnologia será uma aliada neste sentido.
Além disso, empresas com a logística monitorada de ponta a ponta poderão utilizar seus dados para a contenção de perdas em transportes, verificando localização de frota e tomando decisões de gestão com base em dados confiáveis, através de uma comunicação eficiente entre central e frota.
Não há como negar, no entanto, que estamos diante de um cenário global desfavorável e uma crise que de alguma maneira impactará a todos nós. Afinal, a globalização tem este revés em situações de impacto. Um problema de saúde acaba se tornando uma situação delicada em toda a movimentação econômica. A desvalorização nas bolsas de valores acaba chegando até o seu consumidor final, que acaba se tornando mais cauteloso em seu consumo. Medidas cautelares não são apenas bem-vindas, mas necessárias neste momento. Reduzirá os impactos negativos quem possui em mãos dados mapeados rapidamente em sua própria operação, podendo ajustar rapidamente a rota – em todos os sentidos – dos negócios.
*Jean Carlos Pereira é CTO e co-founder da Lincros, uma das principais empresas brasileiras de tecnologia para gestão logística de transportes. Com o portfólio de softwares para logística mais completo do Brasil, a empresa promove o monitoramento de mais de 20 mil veículos que circulam pelo país, e mais de R$ 1,7 bi em conta frete passam por soluções da empresa.
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br