Diego Buchele*
Com base em minha experiência no setor logístico a frente de uma grande companhia alimentícia e mais recentemente na área de inovação, pude notar pontos de melhorias que podem ser considerados em qualquer negócio com operação logística. Alguns destes pontos podem parecer óbvios, mas boa parte dos profissionais responsáveis pela roteirização de cargas ainda não os considera.
Vale ressaltar que estou falando de uma logística primarizada e não fracionada. Nos 10 passos que trago abaixo para fortalecer a roteirização e torná-la mais eficiente, fugi de temas como “redução de custo” e “melhora no nível de serviço”. Considero estes temas inerentes ao processo e destaco aqui questões que evidenciam erros comuns da rotina do roteirizador.
Nesse cenário, percebi que meus colegas logísticos pecam em pontos-chave do processo de roteirização. Para driblá-los, indico:
1 – Começar roteirização pelas rotas longas, frota fixa e veículos pesados:
Muitos roteirizadores começam pelas regiões metropolitanas ou regiões de grande volume, ocasionando falta de veículos ao final de roteirização para as rotas mais complexas e estratégicas. Uma vez que as regiões metropolitanas possuem maior proximidade ao Centro de Distribuição, fica mais fácil encontrar SPOTs, ou usar aquele modal que “sobrou” na roteirização. Então, é muito mais assertivo iniciar a roteirização sempre pelas rotas longas, cargas pesadas e esgote a frota previamente contratada.
2 – Direcionar frota fixa para o varejo e/ou prioridades:
Entenda como frota fixa a frota previamente contratada ou de maior experiência. Ela deve sempre ser direcionada a rotas com grande volume de entrega e clientes prioridades. A experiência e produtividade desta frota trará tranquilidade em Rotas complexas e evitará dores de cabeça.
3 – Veículos Leves e SPOT’s não devem efetuar rotas longas:
Algo muito comum é contratar veículos SPOT’s para longas distâncias ou mesmo veículos Leves que sobraram das regiões metropolitanas. As vezes isso é necessário, porém deve ser evitado em ambos os casos. Primeiro porque a capacidade do Leve não justifica deslocamentos de grandes distâncias. Geralmente para cada dia em viagem deve-se dobrar a capacidade do veículo. Por exemplo:
• Rota de 1 dia = 1 Leve (4ton).
• Rota de 2 dias = um toco (8ton)
• Rota de 3 ou + = Truck (14ton)
Já o SPOT é um veículo que muitas vezes não conhece sua operação, e enviar ele para rotas de viagem pode causar problemas de devolução ou improdutividade em rotas que geralmente são as mais caras da sua operação. Rota cara, não combina com improdutividade, certo?
4 – Cargas fechadas não devem sair de transit points, exceto quando a distância não viabilizar:
Este pode parecer um ponto óbvio, mais já vi muitas vezes cargas com DROP Size maior que 6 toneladas, “tombando” em TSP’s. Nesse caso, apesar do R$/ton ser maior saindo do CD, deve-se compor o custo total com transbordo, avarias (que elevam com transbordos), custo de movimentação, e decidir na ponta do lápis.
5 – Sempre priorizar cargas já paradas, FIFO’s e reentregas:
Vamos adaptar o ditado popular: “Não deixe para amanhã, o que já deveria ter sido feito ontem”. Além de elevar a probabilidade de devolução, não priorizar este tipo de entregas pode ocasionar em perdas de cliente e produtos (FIFO).
6 – A sequência de entrega deve iniciar pela entrega mais distante:
Aqui há um ponto controverso. O Ideal é a rota começar pelo ponto mais longo, uma vez que, caso ela tenha problemas, no final da rota estará próxima ao CD, e pode ter um caminhão extra para ajudá-la. Caso ela comece pelo ponto mais próximo e tenha problemas lá em 70% da rota, estará distante do CD e não haverá plano “B”. Porém, esta estratégia pode sofrer influências da janela, grade, nível de serviço, shelf life, etc. Então avalie-a não como uma regra, mas uma opção.
7 – Simular cenários de roteirização, com intuito de reduzir o R$/Ton:
Esse é o sonho de qualquer roteirizador, porém o tempo raramente possibilita. O Ideal seria fazer vários cenários de roteirização e com esses dados tomar a decisão da melhor e, principalmente, começar a medir o quanto cada cenário representa de aumento. Apesar de ser difícil de executar, o roteirizador deve buscar cada vez mais a automação da sua ferramenta, para que possa reduzir o tempo de roteirização e criar esse contexto de simulações.
8 – Cargas pesadas devem ser a primeira entrega nas regiões metropolitanas:
Quem nunca saiu em uma rota e viu o motorista escalando sobre as caixas para procurar a entrega? Esse fato, além de piorar a produtividade da entrega, eleva o risco de avaria. O ideal é que entregas com drop size muito alto sejam as primeiras da rota, mesmo que isto ocasione aumento no quilômetro rodado. Sem dúvidas, a produtividade das próximas paradas vai compensar o aumento do custo do km.
9 – Dentro do possível, criar a segunda viagem:
Na média, 15% das viagens retornam antes das 8h de trabalho. A resposta padrão dos roteirizadores é: meu caminhão bateu 100% da ocupação, não tinha o que fazer. Para evitar esta situação é importante deixar algumas cargas prontas para uma segunda viagem.
Aqui cabe um parêntese. A maioria das empresas se preocupa mais com a ocupação do caminhão, e se esquece da ocupação da jornada. Faça a conta: a equipe de entrega é mais cara que o veículo mensalmente. Cuidado com esta pegadinha.
10 – Manter sistema de roteirização parametrizado e efetuar retroalimentação diária:
Aqui é quase um pecado capital. O roteirizador deve passar bastante tempo parametrizando o sistema, para que no momento de roteirizar ser altamente produtivo e conseguir praticar o item sete deste artigo.
Dica bônus!
Por fim, vale ressaltar uma regra de ouro da roteirização: respeitar regras de segurança, capacidade dos veículos e jornada do motorista. Afinal, temos pessoas efetuando nosso planejamento na rua e a vida vem sempre em primeiro lugar. Jamais ponha em risco sua equipe de entrega em busca de resultados financeiros.
- Diego Buchele é Head of Market Intelligence na Lincros e especialista em transportes. Especialista em soluções para transformação logística, a Lincros é uma das principais empresas de tecnologia do país voltada ao segmento. Mensalmente, mais de 20 mil veículos circulam pelo país através do monitoramento de soluções da empresa, emais de R$ 1,7 bi em conta frete passam pela cadeia de sistemas integrados da empresa.
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br