Por Renato Junoy *
Ainda hoje é uma cena que surpreende grande parte da população. O consumidor compra em uma loja virtual ou algum canal digital de vendas da empresa e, em vez de receber a visita dos Correios ou de alguma transportadora, recebe seu pedido das mãos de uma pessoa comum, com a possibilidade até mesmo de ser algum conhecido. Essa prática é chamada de crowdshipping, ou entrega colaborativa, e tornou-se essencial atualmente para destravar dois dos principais desafios da logística no Brasil: o last mile, correspondente ao último trecho de entrega, e o same-day delivery, que são entregas realizadas no mesmo dia da compra.
A proposta do crowdshipping não é nova e acompanha a evolução do movimento conhecido como “economia colaborativa” a partir do advento do Uber na mobilidade, do Airbnb em hospedagem, e de tantos outros serviços que utilizam tecnologia para conectar pessoas e desburocratizar setores ou processos. Contudo, é com a pandemia de covid-19 que ficou mais evidente o impacto desse conceito no dia a dia das pessoas e as vantagens que tem a oferecer para as empresas. Com muitas lojas operando apenas por canais digitais devido à quarentena, era preciso garantir a entrega de um volume cada vez mais elevado de pedidos em um tempo, se possível, cada vez mais curto.
É um cenário do qual o modelo tradicional de entregas não dava mais conta. Antes, um operador logístico era contratado para levar determinado produto do centro de distribuição da empresa até a porta do consumidor.
Contudo, a partir da popularização do e-commerce tanto no consumo quanto na presença de lojistas virtuais, multiplicaram-se os pontos de coleta (em muitos casos é a própria loja física) e expandiu-se a atuação para regiões mais distantes. Em suma: a demanda ficou grande demais e o processo se tornou burocrático. Era necessário encontrar alternativas para isso.
É justamente neste ponto que entram as startups de entregas colaborativas. Por meio de tecnologia otimizada e centrada na experiência do usuário, é possível conectar o varejista a uma extensa rede de cidadãos comuns que utilizam seus meios de transporte para realizarem as entregas em troca de renda extra. Dessa forma, por meio de geolocalização, é possível escolher o entregador mais próximo da loja e do consumidor, permitindo que o pedido seja entregue no mesmo dia da compra. O same-day delivery é uma necessidade de diversos setores, como supermercados e farmácias, que trabalham com itens essenciais e/ou perecíveis.
Além disso, as startups podem atuar em conjunto com os operadores logísticos para resolver o last mile, que corresponde ao último trecho de entrega de um pedido. Compras efetuadas no e-commerce normalmente passam por filiais de transportadores e centros de armazenagem e distribuição. Contudo, muitas empresas tinham um custo elevado para chegar a regiões mais distantes, o que invariavelmente causava tempo maior de entrega. Ao contar com um cidadão local para realizar esse trecho, a entrega ganha em velocidade e eficiência, uma vez que ele já conhece as peculiaridades do lugar.
O avanço dos negócios digitais já estava mudando os hábitos do consumidor: se ele conseguia fazer uma compra com poucos cliques, esperava a mesma agilidade na entrega de seu pedido já pago. A pandemia de covid-19 apenas acentuou e acelerou essa transformação, obrigando lojas a entregarem as compras em prazos curtíssimos. Felizmente, a combinação entre tecnologia, empresas e a própria comunidade permitiu encontrar soluções para esses problemas crônicos na logística nacional. A tendência é a proposta se aprofundar ainda mais no futuro, a ponto de não nos surpreendermos mais com ‘gente como a gente’ entregando nossas compras.
*Renato Junoy é Diretor Executivo da Eu Entrego, startup de entregas colaborativas – e-mail: euentrego@nbpress.com
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br