Por Adriana Bruno
Não há distribuição sem caminhão. A partir desse pensamento, ou baseado nele, é possível ter a dimensão da importância da frota de veículos leves e pesados para o setor varejista ou atacadista. Aliás, a manutenção ou a aquisição de novos veículos é algo que deve fazer parte do planejamento anual das empresas. Para Décio Tarallo, sócio diretor da Prosperity Consultoria em Logística e Supply Chain destaca que a frota serve para atender os clientes, com o melhor serviço e a um custo específico vinculado ao serviço. “Um frota envelhecida gera manutenções caras, quebras constantes, prejudicando o atendimento e provocando a perda de receita pela quebra no serviço ao cliente. Quanto vale tudo isto? Ter uma frota nova apenas por ser nova não resolve os problemas. Pode ser até pior, pois se não houver um controle destes equipamentos, manutenção programada e treinamento dos motoristas para melhor utilização destes veículos mais modernos, o que a empresa colherá é apenas custos e perdas elevadas”, comenta. Para Tarallo, um ponto importante é o uso inteligente da frota: como a empresa aplica os recursos modernos de roteirização, rastreamento, segurança, controle de partes e peças e serviços de manutenção. Qual o melhor dimensionamento da frota em função do que ela se propõe a produzir? “Ter veículos grandes para pouca carga transportada significa custos desnecessários, assim como veículos pequenos terão que fazer mais viagens para cumprir o atendimento. Dimensionar a frota em termos de capacidade, propósito de utilização, viabilidade econômica e a sua utilização no tempo são fatores chaves”, diz. Ainda segundo ele, a decisão de investir na compra de novos veículos, por exemplo, deve estar vinculada a capacidade de pagamento deste investimento versus a economia gerada pela troca dos equipamento e ainda associada a potenciais fatores de viabilização de crescimento dos negócios. “As taxas de financiamento são muito impactantes para definir este momento de atualização. Taxas elevadas significam aumento de endividamento da empresa, com absorção maior do fluxo de caixa e principalmente redução do crédito bancário para outros tipos de financiamento, como expansões e capital de giro. O negócio fica com crédito tomado no mercado e os bancos, através de suas análises do cliente, limitam outros tipos de tomada de crédito em função de um valor estimado de capacidade de pagamento. Portanto, em termos de crédito, é uma decisão a ser bem avaliada, inclusive se considerar quais os benefícios financeiros gerados pela atualização”, orienta.
Mercado peso pesado
Assim como todos os setores da economia, o mercado de caminhões sofreu e vem sofrendo com a crise econômica que o país vem atravessando. Segundo Antonio Cammarosano Filho, diretor de Vendas de Caminhões da MAN Latin America, a crise no mercado de caminhões foi a mais longa da história e também com a maior queda de volume. Segundo ele, após queda constante nos últimos anos, as vendas em 2016 apresentaram um volume 70% inferior, se compararmos ao melhor ano da indústria (2011), foi a maior queda histórica da nossa indústria tanto em volume quanto em percentual. “A partir de 2017 iniciamos a reversão da curva, o mercado desde o segundo semestre de 2017 vem apresentando crescimento constante. Ainda não atingimos um volume ideal para manter a capacidade instalada da indústria, mas estamos no caminho e acreditamos que já estamos num novo patamar. A indústria de caminhões vem se descolando da política e mesmo sem incentivos nesse período de crise, está em recuperação. Temos um país que depende do transporte rodoviário e com a recuperação da economia o mercado de caminhões também continuará sua recuperação’, afirma. Cammarosano destaca que o mercado no segmento de caminhões Extra-pesados está muito aquecido em função da safra. “Esperamos uma recuperação também da indústria e do comércio para o segundo semestre, para que todos os segmentos do mercado de caminhões tenham plena recuperação”, diz.
Quem também espera um fechamento de ano positivo é Ricardo Barion – diretor de Marketing e Vendas da IVECO para a América Latina. Segundo ele, o crescimento percentual deve ser inferior a 2017, porém analisando os primeiros oito meses do ano há forte indicativo que o mercado de caminhões deve crescer entre 25% e 30% esse ano. “Os indicadores econômicos continuam positivos, com destaque para a inflação quase no centro da meta e a SELIC no menor patamar histórico. Somando a isso, o agronegócio, que continua sendo um dos principais motores da economia brasileira, também deverá impactar positivamente o segmento de transporte, bem como outros setores que já começam a demonstrar recuperação como a indústria, varejo e serviços”, diz. O executivo ainda comenta que para os próximos anos o ideal é que o mercado brasileiro chegue a algo como 100 mil unidades por ano, o que deve ocorrer, caso não haja nenhuma mudança drástica no cenário, até 2020.
A Mercedes-Benz também aposta em cenários positivos tanto para caminhões como para comerciais leves. “O mercado brasileiro de caminhões vem mantendo um ótimo ritmo de vendas, com 50% de crescimento até julho frente ao mesmo período do ano passado. Nossa expectativa é pela continuidade dessa evolução, especialmente com as renovações de frotas”, comenta Ari de Carvalho, diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil. Segundo ele, os clientes estão, cada vez mais, buscando identificar produtos rentáveis e que tenham a melhor relação custo/benefício, uma vez que o ritmo de crescimento da economia precisa ser consolidado. “Os clientes têm olhado nas marcas, não apenas o melhor produto, mas também o que melhor lhe suporta em todo o ciclo de vida do veículo com serviços financeiros, peças e manutenção mais competitiva, além de assistência técnica diferenciada. Ou seja, os clientes estão realizando renovações de frota para garantir mais rentabilidade em seus negócios”, avalia.
A volta da confiança do empresário é a principal resposta à recuperação do mercado de caminhões. Outro fator essencial para a recuperação foi que a idade média da frota estava ficando muito alta e o caminhão não entrega a mesma performance rentável. “De acordo com nossas previsões, o resultado do mercado acima de 16 toneladas entre todas as marcas, que compreende os veículos semipesados e pesados, deverá superar as 40 mil unidades em 2018. Para este ano, a Scania prevê um aumento de 30% nas vendas em relação a 2017”, comenta Ricardo Vitorasso, Diretor de Vendas de Caminhões da Scania no Brasil. “De janeiro a julho deste ano, a Scania já emplacou 4.529 caminhões, alta de 61,8% em comparação às 2.799 unidades de 2017”, diz.
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