A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), entidade mais representativa dos caminhoneiros, descartou na terça-feira, 19, uma nova paralisação a partir do dia 1º de fevereiro. Para Marlos Maues, assessor executivo da CNTA, que reúne 7 federações e 140 sindicatos, algumas entidades que vêm defendendo a paralisação não são representativas e seus líderes saíram de outras entidades e fóruns de transporte por serem “polemizadores”. “Agora estão tendo como única forma de palanque a ameaça de uma greve, de uma paralisação”.
Na semana passada, o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Nestor Dias, convocou uma assembleia para discutir uma nova paralisação a partir de 1º de fevereiro. O tema não chegou a ser discutido, mas a convocação permaneceu. As últimas tentativas de greve da categoria não vingaram por rachas entre as diversas entidades representativas no País. O governo federal aposta justamente nessa divisão para tentar desmobilizar a greve.
“O que temos que buscar é fiscalização e punição daqueles que não atendem tudo o que foi ganho até agora e não é cumprido”, rebateu Maues. Segundo ele, o reajuste do piso mínimo do transporte rodoviário, anunciado nesta terça-feira, era esperado, visto que deve ocorrer a cada seis meses de acordo com a legislação em vigor. Por isso, descartou a ideia de que a medida buscou conter uma possível paralisação da categoria em 1º de fevereiro.
“O governo, através da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), estipulou que haveria duas revisões ao ano, uma em janeiro, e outra no dia 20 de julho. E isso ocorreu agora”, disse. Segundo ele, a decisão de zerar a tarifa de importação de pneus, anunciada em transmissão ao vivo pelo presidente Jair Bolsonaro, também era um pleito antigo. “Já era uma pauta que vínhamos há dois anos discutindo com o governo. Em nenhum momento foi moeda de troca por causa da possível ameaça de paralisação.”
Nova tabela
A ANTT publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira uma nova tabela com preços mínimos de frete rodoviário. De acordo com a agência reguladora, as alterações vão resultar em um aumento médio que varia de 2,34% a 2,51%, conforme o tipo de carga e operação. O reajuste considera o IPCA, inflação oficial do País, e a atualização do preço do diesel.
Para Maues, em virtude da demanda por frete em fevereiro por causa da entrada da safra de verão e da pandemia do novo coronavírus, este não seria o momento para uma paralisação. “Existe um contexto positivo no segmento de transporte rodoviário de cargas hoje, no sentido de estarmos no meio de uma safra, que é a safra de soja, com aumento da produção de 3,4%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, e temos uma lei que é o piso mínimo do frete”, disse. “A categoria ‘do bem’ está trabalhando e produzindo, ainda mais na pandemia. Não tem sentido nenhum fazer uma paralisação.”
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Fonte: newtrade.com.br