Ferramenta desenvolvida pela Embrapa, aberta ao público, aponta alternativas de escoamento e melhor custo para o produtor
Cada vez que tinha de fazer um plano para otimizar o transporte de cargas de seus clientes da área de agronegócio, os funcionários da consultoria Macrologística, se debruçavam sobre mapas. Sabiam os caminhos das safras, tinham uma boa ideia dos custos e do estado de operação dos modais para fazer a conta. De agosto para cá, porém, a vida dos consultores ficou mais fácil.
Com dois ou três cliques, os consultores conseguem enxergar as bacias de escoamento de diferentes produtos com informações atualizadas e problemas específicos de cada uma delas, bem como qual alternativa deixará o transporte mais barato. Tudo graças à plataforma do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária, desenvolvida pela Embrapa e que é totalmente aberta ao público.
“O bom dessa ferramenta é que ela mostra desde as pequenas cidades, nas quais a soja é plantada até as diferentes alternativas de escoamento e o melhor custo: revolucionou os projetos de logística”, diz Renato Pavan, presidente da consultoria Macrologística, que tem entre seus clientes a Confederação Nacional da Indústria.
Com o objetivo de se tornar uma ferramenta para tomadas de decisão no setor, a plataforma juntou informações de mais de dez fontes oficiais ligadas à infraestrutura viária, portuária e de armazenamento, bem como aos dados de produção agropecuária e comércio exterior. Foram armazenadas informações levantadas por órgãos como a Secretaria dos Portos, o Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte, a Companhia Nacional de Abastecimento, IBGE e o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), entre outros.
Mapeamento
Na prática, essas informações possibilitam a geração de 500 mil mapas. Eles mostram áreas de produção, identificam gargalos e oportunidades de investimento logísticos atuais e futuros, em dez cadeias agropecuárias. Juntos, abarcam mais de 90% do agronegócio brasileiro. “Quando se olha para setores como mineração ou indústria, por exemplo, antes de começar a escavar ou a colocar o primeiro tijolo de uma fábrica, o investidor olha para a logística”, diz Gustavo Spadotti, supervisor do grupo de gestão territorial da Embrapa.”
Assim, a ferramenta vem sendo usada não só por consultorias, como a Macrologística, mas também por tradings e investidores, muitos deles estrangeiros. De março (quando houve um lançamento só para o governo e autoridades) até hoje, a ferramenta teve quase 70 mil acessos. Além dos mapas, fazem parte do sistema dezenas de estudos logísticos, com problemas e objetivos a serem superados, feitos pela Embrapa.
Com a identificação dos gargalos do setor, a Embrapa listou soluções logísticas factíveis para 30 obras a serem feitas pelo governo, que resolveriam mais de 80% dos problemas relacionados à logística da área.
Estão lá obras como a Rodovia do Frango, entre Paraná e Santa Catarina, que precisa de melhoria no asfalto, sinalização e duplicação de alguns trechos, e a construção de um trecho de 200 quilômetros da BR-020, entre o Ceará e a Bahia.
Até o fim do ano, está previsto a entrega tanto para o presidente Michel Temer quanto para o presidente eleito, uma lista com as dez obras consideradas urgentes, retiradas dessa lista. No futuro, o projeto é ambicioso. “Nossa meta de longo prazo é permitir a tomada de decisão em tempo real sobre qual a melhor rota logística”, diz Spadotti. Uma espécie de Waze do agro, num projeto embrionário.
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