*Daúd Falconi
Os últimos dois anos foram um misto de incertezas, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, dentro e fora do agronegócio. Empresas abriram, deram certo, prosperaram, outras demitiram e encerraram histórias. Mas, como será a partir de agora? A população está recebendo imunização com as vacinas, alguns setores retomam suas atividades, outros ainda estão freados, e o nosso agro como fica?
Primeiro vamos ver como estamos. O setor no Brasil consolidou-se como um dos mais eficientes do mundo, podendo chegar a 20% o crescimento geral no setor de máquinas e equipamentos em 2021, e deverá ampliar seu protagonismo até 2022. Os dados coletados pela ABIMAQ representam uma alta acelerada no primeiro semestre de 2021, e a expectativa é que os números continuem crescendo até o final do ano.
Por outro lado, o índice de confiança do agro confirma o positivismo no setor de máquinas e equipamentos, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que registrou alta no segundo trimestre do ano. O indicador marcou 119,9 pontos no período, o que representa alta de 2,4 pontos em relação aos três primeiros meses do ano. Pela metodologia do índice, pontuações acima de 100 são consideradas como um cenário de otimismo entre os empresários da cadeia agropecuária. Segundo o diretor do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Roberto Betancourt, essa confiança acompanha os sinais de retomada da economia, abalada pela crise gerada pela pandemia de Covid-19.
Já tínhamos então a Covid-19, literalmente em circulação pelo ar e pela economia mundial, vieram as variações climáticas. Sim, elas existem todos os anos, mas em tempos em que as coisas já andavam fragilizadas, é ainda pior o impacto. Os eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes e com difícil previsibilidade, podem afetar o sucesso da safra, pois impacta diretamente na redução de produtividade, especialmente quando enfrenta longos períodos de seca. Prejudicando assim o desenvolvimento das plantas ou quando há chuvas intensas, dificultando o planejamento, proporcionando atrasos de plantio e colheita, por exemplo. Foi mais um balde de água fria em muito produtor e, também, na indústria.
Mas, também temos o que celebrar, por exemplo, nestes dois últimos anos de pandemia, a agricultura brasileira deu um salto em inovação para garantir o abastecimento neste período. As soluções digitais incluem desde o uso de imagens captadas por drones e satélites, passando pelo geoprocessamento e inteligência artificial, até máquinas conectadas. No Brasil, o comércio eletrônico mostrou como as tecnologias digitais podem colaborar para um ambiente mais aberto e produtivo durante situações de emergência. O cenário todo trouxe a demanda de sistemas digitais no meio rural, algo que levaria muitos anos, e que positivamente foi acelerado com a chegada do novo vírus.
Posto tudo isso, o que podemos pensar daqui para a frente? Afinal, 2021 caminha para seu encerramento. Para 2022, projeta-se de forma muito otimista, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos principais segmentos (arroz, milho, soja e derivados, açúcar, etanol e os três tipos de carnes), bem como na geração de empregos, apesar da mecanização. Outro ponto favorável para o próximo ano é que, com o avanço da vacinação, será possível a retomada de eventos presenciais – força motriz do setor e ferramenta essencial para a conexão entre produtores e empresas que formam a cadeia do agronegócio.
Essa possível retomada dos eventos presenciais anima empresas e produtores, já que são dois anos sem eventos, um perfil de público muito adepto ao “ver de perto”, característica que permite às empresas um relacionamento mais próximo com os clientes. Portanto, imagino que a volta provavelmente terá boa aderência do público, e cabe às empresas, organizadoras e visitantes, garantir que os protocolos de segurança sejam cumpridos em respeito à saúde de todos. Pouco a pouco os vagões vão voltando aos trilhos originais.
É possível finalmente começar a enxergar uma luz no fim do túnel, mas é preciso ter cautela. A falta de peças e componentes para a indústria de máquinas e implementos agrícolas, por exemplo, ainda é um fantasma que assombra o setor e tem provocado atrasos nas entregas e aumento nos preços de equipamentos. O cenário para 2022 é otimista, porém incerto. A agricultura, ao contrário de outros setores, não parou. Toda a demanda ficou reprimida, gerando alta no preço da matéria-prima e atrasos nas finalizações. Hoje a recomendação é para que os agricultores antecipem as compras, garantindo preços reduzidos e entrega.
*Diretor Comercial da MP Agro Máquinas Agrícolas
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br