Stephan Romeder (*)
Os EUA e a Europa estão competindo para saber quem será o primeiro a lançar caminhões autônomos nas rodovias, sem motoristas. Há uma grande expectativa para que isso aconteça porque estes caminhões são significativamente mais baratos, podem ser muito mais seguros e ajudar aos caminhoneiros a concluir suas rotas mais rapidamente. Apesar desta competição acirrada, anúncios recentes colocam os EUA na liderança. Um número menor de regulamentações, amplos espaços abertos e inovações domésticas para todas as construções necessárias proporcionam aos Estados Unidos uma clara vantagem.
Caminhões autônomos já estão nas rodovias
Houve anúncios na Europa sobre caminhões conectados e protótipos de caminhões autônomos, mas até o momento não houve aplicações comerciais. Em dezembro de 2017, a Scania forneceu seu caminhão número 100.000 com conectividade ativada, o que permite que seus escritórios realizem diagnósticos remotos e orientem os motoristas a conduzir com mais segurança e com maior eficiência de combustível. Em maio do mesmo ano, a Daimler anunciou o primeiro caminhão autoguiado oficialmente reconhecido no mundo, que deve estar em uso comercial dentro de uma década. Em contraste, os caminhões sem motorista dos EUA já chegaram às estradas e fazendo entregas.
Nos últimos seis meses, caminhões autônomos construídos pela Embark transportam frigoríficos Frigidaire a 650 milhas de um depósito em El Paso, Texas, para um centro de distribuição em Palm Springs, Califórnia. Um caminhão autônomo da Uber fez uma viagem de 180 quilômetros no Colorado para entregar 50 mil latas de cerveja. A Waymo também anunciou que começaria a testar seus caminhões autônomos para entregar carga aos data centers de sua empresa-irmã, o Google, em Atlanta, na Geórgia.
As razões da liderança dos EUA nesta área
Uma razão pela qual os EUA têm uma vantagem inicial é que as rodovias abertas em grandes áreas são mais convenientes para testar protótipos. Por sua vez, na Europa, a configuração para situações de testes em tempo real é difícil e requer uma série de isenções temporárias de vários governos. A Volvo chegou a fazer demonstração em uma mina na Europa, em parte para evitar toda a burocracia. A multinacional alemã fabricante de automóveis Daimler chegou a anunciar seus caminhões autônomos no estado de Nevada, nos EUA. O primeiro acionamento autônomo de caminhões da Volvo foi testado nos EUA por meio de uma parceria com a Otto, empresa norte-americana de caminhões autônomos que opera no país.
Lucros maiores, menos regras
Há também o fato esmagador de tentar obter um retorno positivo sobre o investimento com os caminhões autônomos. O custo para equipar cada caminhão destes pode chegar a US$ 25 mil e é necessário economizar muito em combustível, mão-de-obra e manutenção para justificar o investimento. Grandes empresas de transporte por caminhão e fornecedores de logística em todos os EUA, como a Federal Express e a UPS, têm fortes incentivos para investir em tecnologias por causa das enormes oportunidades para a economia de custos.
Quando se trata de dores de cabeça regulamentares, estas são menores nos EUA, onde a Administração Nacional de Segurança no Trânsito em Auto Estradas já definiu diretrizes para o setor e está em processo de criar regras para as rodovias do país. A Otto acredita que o governo dos EUA exigirá essa tecnologia no futuro e demandará dos fabricantes de caminhões que a integrem em seus veículos.
A União Européia tem regras e regulamentos diferentes em cada país e, além disso, pode haver vários países na rota de um caminhão que não fazem parte da UE.
Mais desafios: segurança, topologia, comunicação…
Outro desafio no caminho é segurança quando os caminhões cruzam jurisdições legais e os criminosos querem colocar as mãos na carga ou usar os caminhões para transportar contrabando através das fronteiras. As ruas estreitas e tortuosas da Europa podem ser difíceis de serem percorridas por caminhões, e até mesmo para carros de passageiros. Imagine os desafios para os caminhões que não têm a opção de comunicação não verbal, incluindo piscar, buzinar e sinalização manual.
As startups baseadas nos EUA também podem fornecer inteligência artificial, redes neurais e supercomputadores que fornecem o poder de processamento para que os caminhões possam dirigir por conta própria. Certas tecnologias precisam ser colocadas em prática para que elas possam “conversar” umas com as outras, o que é particularmente importante, dado que a maioria das empresas que trabalham com caminhões tem várias marcas e modelos diferentes de veículos. Além disso, a comunicação é fundamental para os caminhões conectados que evoluíram para se tornarem “pelotões”, onde os veículos na parte de trás da formação são capazes de seguir automaticamente e de perto um carro líder. O mesmo vale para a criptografia para proteger os dados contra adulterações.
A comunicação com os dados de negócios
Na tentativa de atender a todas às demandas de gerenciamento de dados, os gestores de frota começaram a adotar plataformas de integração mais avançadas e abrangentes que permitem o compartilhamento de informações entre motoristas, veículos e toda a rede logística. Uma plataforma de integração também pode facilitar o gerenciamento de frota, permitindo que os dados sejam manuseados de maneira segura entre o sistema de gestão de frota e o ERP, além de fornecer escalabilidade elástica para administrar grandes volumes de dados.
O mercado de caminhões autônomo apresenta uma enorme oportunidade. A entidade que irá liderar a inovação poderia ser determinada por algo tão simples quanto espaços abertos e procedimentos regulatórios simples, mas o consenso é que caminhões autônomos atingirão as rodovias em ambos os lados do Atlântico, embora possam aparecer em alguns lugares mais cedo do que em outros.
(*) Vice-presidente Global Business Development da Magic Software Enterprises.
Assessoria de Imprensa
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