No Brasil, caminhões respondem sozinhos por 20% das emissões por queima de combustíveis fósseis
Nesta última quarta (15/7) 18 empresas e organizações lançam a Aliança Europeia para Caminhões Limpos (ECTA), uma coalizão para exigir a descarbonização do frete rodoviário e a mudança para a implantação de caminhões com emissão zero. A Aliança reúne as principais partes interessadas no setor de frete rodoviário, incluindo associações de mobilidade, ONGs e as principais empresas dos setores de transporte, manufatura e varejo. Entre as companhias que aderiram à coalizão estão IKEA, Deutsche Post DHL Group, Anheuser-Busch InBev, Nestlé e Michelin ( veja lista completa aqui ).
No Brasil, caminhões representam, em média, 4% de todas as emissões do país (incluindo o desmatamento) e 20% das emissões de queima de combustíveis fósseis. Apesar do peso do setor no conjunto das emissões brasileiras, montadoras estão usando a crise gerada pela pandemia para tentar adiar regras mais duras de controle da poluição.
O Proconve 8, oitava fase do programa federal de melhoria de eficiência energética e controle das emissões de veículos pesados, entraria em vigor em 2022. O presidente da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, anunciou em coletiva de imprensa em junho que vai pedir ao governo postergação do prazo devido à queda nas vendas no contexto sanitário do novo coronavírus.
A crise provocada pela COVID-19 está motivando um movimento oposto a esse no exterior, antecipando e endurecendo medidas de controle da poluição. “Uma recuperação verde é boa para nossa saúde, nossa economia e nossos empregos. Estou satisfeito de ver mais uma vez um grupo impressionante de empresas, ONGs e cidadãos de toda a Europa se reunindo em apoio a este objetivo”, afirma Frans Timmermans, Vice-Presidente Executivo da Comissão Europeia para o Green Deal Europeu. “A Aliança Europeia para Caminhões Limpos oferece às capitais europeias um projeto concreto de descarbonização das frotas de caminhões e pode acelerar o movimento em direção ao transporte de cargas com emissão zero.”
Há 6,6 milhões de caminhões nas estradas da União Europeia — 2% da frota — que respondem por 22% das emissões de CO2 do transporte rodoviário. A estimativa do setor é que o transporte de carga pelas estradas duplique até 2050 no continente.
Em seu primeiro comunicado à Comissão Europeia, a Aliança exorta a UE “a salvaguardar empregos e apoiar soluções sustentáveis de longo prazo que descarbonizem o setor de transporte rodoviário de mercadorias”. O documento indica que o compromisso seria fundamental para o cumprimento das metas da proposta de lei climática da UE até 2030 e para alcançar uma Europa neutra em carbono até 2050.
Tendência
A iniciativa europeia surge após uma lei na Califórnia, nos EUA, determinar que a maior parte da sua produção de veículos pesados passe a utilizar motor movido à energia elétrica no lugar do motor à combustão. Com a mudança aprovada em junho, a expectativa é que 55% dos caminhões leves e médios vendidos no estado e 75% do pesados passem a ser elétricos até 2035. A partir de 2045 será proibida a venda de caminhões e veículos comerciais movidos a diesel, gasolina ou qualquer outro combustível fóssil.
Antes do estado norte-americano, ações nesse sentido já sinalizam o que começa a se consolidar como uma tendência global. No Reino Unido, a venda de veículos movidos a combustíveis fósseis será encerrada até 2035, sendo que legisladores locais negociam adiantar a data para 2032. Já na Alemanha, o mesmo deve ocorrer até 2030.
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br