Cyro Buonavoglia, especialista em gerenciamento de riscos, traça um panorama sobre o roubo de cargas no Brasil
Com forte presença hoje nos segmentos de transportes e logística, o gerenciamento de riscos surgiu no Brasil no final da década de 1980 e engloba toda e qualquer ação empregada com o objetivo de prevenir e mitigar os problemas relacionados às operações logísticas. Assim, por meio das ações do GR e com as ferramentas utilizadas, riscos como roubos e furtos de cargas e acidentes são minimizados.
“Naquela época, o crime mais comum era o roubo a banco e a carros fortes, até que as instituições financeiras começaram a investir mais forte em segurança e avançados sistemas de proteção. Dessa forma, houve uma migração para o roubo a cargas”, explica Cyro Buonavoglia, presidente da Buonny, gerenciadora de riscos em transportes e logística no Brasil.
Inicialmente, a maioria dos eventos ocorria com a utilização de falsidade ideológica e aliciamento de motoristas e então as transportadoras começaram a levantar informações sobre estes profissionais, o que motivou as gerenciadoras de riscos a formatarem um cadastro único para atender às necessidades do mercado.
As empresas utilizavam também o serviço de escoltas ”veladas”, pois a atividade escolta armada ainda não era regulamentada, o que só aconteceu em meados de 1995.
No início da década de 90 os rastreadores satelitais começaram a aparecer; ainda eram muito caros e pouco acessíveis à maioria das empresas, mas as que puderam fazer o alto investimento saíram na frente. Esses rastreadores também foram incorporados às práticas de GR e, com a popularização do celular, começaram a surgir empresas de rastreamento com meio de comunicação celular e localizador GPS.
Já entre 2001 e 2003, as gerenciadoras estavam adquirindo um amadurecimento muito grande, unindo diversas ferramentas em um projeto mais amplo, oferecendo soluções de compartilhamento de ferramentas e proporcionando soluções mais robustas.
Hoje o GR está intimamente ligado aos serviços de informação logística, controle de jornada de motoristas, baixa e nota fiscal, entre outros, ou seja, não é mais uma mera ferramenta de segurança; o serviço é mais amplo e visa à prevenção de perdas como um todo.
“Gerenciar riscos é uma cultura e o mais importante é conscientizar o empresário, aquele que no final das contas assume os riscos de seu negócio, que essa gestão tem que fazer parte da rotina da empresa e o investimento deve estar em seu orçamento e sua prática deve ser estimulada no sentido top down. Ou seja, o exemplo deve vir de cima e a área de GR tem que estar muito próxima dos executivos que decidem, isso porque os riscos não estão só na cadeia logística, mas sim em todas as outras partes do negócio como em seus fornecedores, produtos, capital, imagem, marca etc.”, explica Buonavoglia.
De acordo com Cyro, “aonde você olhar encontrará riscos e geri-los é vital. Atravessar uma rua sem olhar para os lados agrega risco de atropelamento, se for uma avenida movimentada o risco é maior, se for fora da faixa aumenta, se for com o semáforo vermelho o risco é maior ainda. Podemos fazer tudo isso e chegar ao outro lado ilesos, mas qual a chance disso acontecer? Existem pessoas dispostas a assumir esse risco, algumas chegam no final da jornada ilesas, outras ficam pelo caminho, mas o mais sensato é parar na faixa, esperar o semáforo ficar verde, olhar para os lados e, se estiver em segurança, atravessar. Ou seja, acabamos de gerenciar o risco de atropelamento”.
Por isso, o especialista enfatiza que é fundamental que as empresas considerarem muito bem os riscos a que estão expostas. São avaliadas também as ferramentas de prevenção, redução, transferência e/ou financiamento e qual delas tem maior eficácia. “Somente um profissional experiente e preparado consegue aplicar de forma eficaz essas ferramentas e quais são os resultados esperados. Assim, se serão aplicados recursos, é preciso estabelecer uma meta, pois o investimento deve ser compatível com o benefício, avaliar a eficácia dessas medidas, corrigir e reiniciar o processo”, enfatiza.
“Isso não acaba nunca, pois sempre que revisamos um processo encontramos formas melhores de se fazer. Além disso, o ambiente tecnológico evolui e traz novas ferramentas; nossos negócios mudam e com a mudança podem-se agregar novos riscos. É muito frequente um cliente abrir uma nova linha de produtos, um transportador assumir uma operação com mercadorias de risco e assim por diante, por isso, temos que estar atentos para mitigar esses riscos e descobrir a variações antes que ocorra uma perda”, finaliza Cyro.
Assessoria de Imprensa
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