Por Ivan Jancikic
No próximo dia 23 de novembro, acontece a Black Friday, onde fabricantes, varejistas, bancos e mercados se reúnem para oferecer promoções e descontos exclusivos. Segundo um estudo recente da GfK, em parceria com a 4E Consultoria, a Black Friday deverá ter neste ano um crescimento de aproximadamente 5%, em comparação com 2017.
Ainda segundo o estudo, desde 2016 a Black Friday desbanca o Natal na data que mais gera expectativa de compra entre os internautas. O comércio eletrônico é uma das modalidades que vem se destacando. Cresceu cerca de 10%, entre janeiro e agosto de 2018, em relação ao mesmo período de 2017.
Cumprir com a promessa do e-commerce para oferecer compras fáceis, seguras e que o pedido chegará no prazo combinado é o resultado de uma correta otimização de estoques e promoção de colaboração entre diferentes parceiros de negócios.
Normalmente, não importa se é Black Friday, Dia das Mães ou Natal. A maioria das empresas que buscam implementar uma estratégia de estoques, tem por objetivos melhorar o atendimento ao cliente e reduzir o capital parado. Geralmente é difícil e, às vezes, chega a ser impossível fazer as duas coisas simultaneamente.
A cadeia de suprimentos moderna é uma rede cada vez mais complexa e volátil, que por muitas vezes se estende a diferentes continentes e suporta inúmeros segmentos de mercado, já que a personalização e um consumidor cada vez mais exigente e informado tornaram a gestão incômoda.
Com essa complexidade, o impacto de mudanças na demanda, preços, oferta, disponibilidade de transporte, desastres naturais, mudanças geopolíticas, legislação e problemas regulatórios, impactam o fluxo de produtos no comércio eletrônico e projeções de vendas das organizações. Diante desse cenário é mais complicado determinar os desafios e aumentar os riscos envolvidos por não estar preparado.
Os principais executivos das cadeias de suprimentos entrevistados no estudo “Chief Supply Chain Insights”, da LLamasoft, falaram sobre as maiores barreiras para o gerenciamento eficaz de estoques. A principal preocupação é que eles não podem otimizar sua rede de forma holística. Às vezes, a localização e as políticas do estoque são os últimos detalhes da cadeia a serem tratadas. Além disso, a volatilidade da demanda é outra situação que está mudando e difícil de prever com o tempo. Aqui surge uma questão no contexto do comércio eletrônico, como prever o nível de estoque ideal quando a demanda não pode ser prevista?
Por outro lado, os gerentes identificam a flutuação da demanda e a complexidade operacional como os principais fatores de risco nos próximos cinco anos. Sem uma maneira de modelar digitalmente as operações físicas e de comércio eletrônico da cadeia de suprimentos, bem como suas políticas de estoque, as empresas teriam que experimentar no mundo real, que é extremamente caro e demorado.
Para resolver este problema apresentado pela gestão de estoques na era do comércio eletrônico, o design da cadeia de suprimentos permite o desenvolvimento de modelos de cadeia de fornecimento online de ponta a ponta, cobrindo a infraestrutura física (armazéns, pontos de venda, transporte, centros de distribuição, entre outros), políticas, demanda e estoque. Esses modelos fornecem uma visão holística verdadeira de todas as interdependências entre os elos da cadeia e as compensações, que apoiarão as decisões a serem tomadas com dados reais, em vez de testes arriscados e caros, que podem afetar a operação e prejudicar a confiança do consumidor.
Ao desenvolver uma estratégia de inventário para atender à demanda do comércio eletrônico, as seguintes perguntas devem ser feitas:
1. Quais os níveis de serviço que devemos ter?
2. Onde vamos armazenar nosso estoque?
3. Quanta mercadoria precisamos proteger?
4. Onde nosso estoque deve fluir?
5. Em que ponto os canais de vendas físicas e digitais convergem?
6. Qual será a rede de produção e distribuição a ser utilizada?
7. Como considero a vida útil e os ciclos de vida curtos do produto ao dimensionar corretamente o estoque?
Em muitas ocasiões, a maioria dos profissionais da cadeia de suprimentos pensa automaticamente sobre o estoque de segurança quando fala em otimização de estoque, como forma de satisfazer a demanda, a variabilidade e a incerteza da oferta. No entanto, isso não cobre tudo e há outros aspectos a serem considerados, como redes de manufatura, distribuição e transporte, bem como a demanda do cliente, operações de depósito e marketing.
Para a maioria das empresas, o ciclo de estoques é uma grande oportunidade desperdiçada para economizar dinheiro, já que muitas decisões de design da cadeia de suprimentos afetam e respondem pelo tamanho de lotes/remessas, quantidades mínimas de pedidos e frequências de produção/reabastecimento, bem como tempos de entrega.
Em termos de estoque, existem estoques pré-construídos, que respondem a picos sazonais de demanda (Páscoa, Férias de Verão, Black Friday, entre outros) quando há capacidade limitada do fabricante. Por outro lado, existe o inventário promocional, que responde por picos de demanda gerados por campanhas de marketing, publicidade e/ou os mesmos clientes.
Todas essas considerações são interdependentes e estão diretamente relacionadas às decisões tomadas no projeto da cadeia de suprimentos, por isso é essencial ter ferramentas e processos tecnológicos que permitam não apenas ver essas decisões a partir de uma perspectiva de inventário, mas analisar como as mudanças no estoque afetam as redes de suprimento e seu desempenho.
Deve-se notar que o inventário afeta todos os aspectos da cadeia de suprimento, desde a demanda de clientes até a fabricação de bens, transporte e fornecimento de pontos de venda. Existem centenas de perguntas “o que acontece?” Isso deve ser respondido. Se você ajustar qualquer link na cadeia, o estoque se moverá como resultado e você precisará entender o impacto relativo de todas essas variáveis no custo, serviço, níveis de risco e sustentabilidade.
Em termos de tecnologia, há um espectro que ajuda nas decisões do inventário e na cadeia de fornecimento em termos de classificação de demanda, simulação, desenvolvimento de políticas de estoque, otimização do nível de serviço e considerações de sazonalidade sazonal.
A aplicação dessa abordagem rigorosa aos modelos de inventário nas estratégias de comércio tradicional e no e-commerce oferece:
1) Uma estratégia de inventário precisa e robusta
2) Um plano que pode ser facilmente executado no mundo real
3) Equilíbrio entre serviço e custo (capital de giro)
É fundamental, também, entender que a complexidade da operação aumenta o desafio do desenvolvimento da estratégia de inventário (físico e online), bem como a compreensão dos padrões/variabilidade das ordens e a propagação e análise da demanda. Seja na Black Friday ou em qualquer outro evento sazonal ou conjuntura, será fundamental ter o produto solicitado no momento da compra e garantir sua entrega correta ao consumidor. Ter uma estratégia holística de inventário nunca foi tão importante.
*Ivan Jancikic é diretor da LLamasoft no Brasil.
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