Por Renato Junoy *
Pedir itens para receber e pagar em casa é um hábito nem tão antigo assim para a maioria dos brasileiros. Foi na década de 1980 que o delivery ganhou espaço no país graças, principalmente, às pizzarias e lanchonetes. Desde então, a proposta não só caiu no gosto da população como também encontrou formas de se tornar cada vez mais prática, eficiente, rápida e democrática. Depois do telefone e das mensagens de texto, a última fronteira é justamente a utilização de dados digitais para conseguir conectar o consumidor com uma rede de estabelecimentos e de entregadores a fim de garantir a melhor entrega possível.
É uma realidade que ganhou força a partir da pandemia de covid-19, com a recomendação expressa de isolamento social para evitar o contágio da doença, e deve se consolidar no futuro. O levantamento Observatório Febraban, realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) a pedido da Federação Brasileira de Bancos, aponta que 30% dos brasileiros irão comprar mais pela internet mesmo com o fim da pandemia e 28% querem utilizar o serviço de delivery com mais frequência.
Essa mudança de perspectiva só foi possível porque o consumidor viu que é mais fácil para ele comprar algo nos canais digitais e pedir para receber em casa – um processo que, por sua vez, só existe por causa da utilização de dados nos processos logísticos. Pela primeira vez os empreendedores têm acesso a um volume grande de informações sobre seus clientes e processos e tecnologia capaz de analisar e cruzar esses dados. Assim, é possível traçar a melhor estratégia de entrega dos pedidos levando em conta outras variáveis além do preço e da distância.
Quando se tem uma análise completa do perfil de seus clientes, é possível cruzá-la com as informações provenientes de diversos departamentos da empresa. Assim, o responsável pelo delivery combina os pedidos por região, identifica áreas de risco, monitora questões climáticas (como chuva) e de infraestrutura (ruas esburacadas e com trânsito), analisa rotas alternativas, entre outras tarefas. O resultado disso é uma entrega em perfeitas condições, com preço justo e no menor tempo possível. Além disso, a análise preditiva deixa de ser sonho e vira realidade, uma vez que é possível identificar padrões de compra nos consumidores e, de tal modo, impactá-los de forma inteligente com os produtos e serviços.
Evidentemente, para que a análise se torne efetiva, é preciso não só contar com as melhores tecnologias para entrega, como também ter uma cultura organizacional orientada aos dados. A boa notícia é que as informações estão aí, à disposição para serem utilizadas pelos empreendedores e operadores logísticos. Se antes havia dificuldade para catalogar os pedidos por telefone, hoje a pessoa faz tudo pelo aplicativo (até mesmo o pagamento) deixando um monte de dados pelo caminho. Cabe a essas ferramentas capturá-los, tratá-los e identificar como se combinam para agilizar todo o procedimento que vai levar o produto do estoque até o portão do consumidor.
Se os dados são o novo petróleo, como muitos especialistas gostam de afirmar, então é preciso que o sistema de delivery faça bom uso deles para popularizar ainda mais essa modalidade no pós-pandemia. O avanço do novo coronavírus apenas evidenciou a necessidade de as entregas serem mais ágeis e eficientes para agradar uma quantidade cada vez maior de pessoas. Sem essas informações digitais, o processo vai ficar à mercê da boa vontade dos consumidores em ligarem e esperarem seus pedidos em casa sem nenhuma novidade das etapas. O período da tele-entrega foi bom, mas ficou no passado. É hora de trazer o delivery para o século 21.
*Renato Junoy é Diretor Executivo da Eu Entrego, startup de entregas colaborativas – e-mail: euentrego@nbpress.com
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br