No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 0,42%, vendida a R$ 3,6913.
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (31), na última sessão do mês, em dia de formação da taxa Ptax (usada na liquidação de diversos derivativos cambiais), que deixa o mercado mais técnico e volátil até o início da tarde, e um dia após o Banco Central ter sinalizado que pretende rolar integralmente o vencimento em swap cambial tradicional de dezembro.
Às 12h14, a moeda norte-americana subia 0,86%, vendida a R$ 3,7230. Veja mais cotações.
Os investidores, no entanto, mantêm as atenções ao cenário externo e ao noticiário político local, após declarações do economista Paulo Guedes, que assumirá um superministério da área econômica no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
“O mercado de câmbio brasileiro deve ter uma disputa acirrada entre ‘comprados’ (que apostam na alta da moeda) e ‘vendidos’ (apostam na baixa)”, disse à Reuters o diretor da NGO Câmbio Sidney Nehme, explicando que há cerca de 39 bilhões de dólares a vencer em cada lado. A taxa Ptax de final de mês é usada para corrigir diversos contratos de derivativos cambiais.
Segundo Nehme, no entanto, a moeda deve continuar oscilando ao redor dos R$ 3,70 “muito provavelmente até o 1º trimestre de 2019, visto que a transição governamental está somente sendo iniciada”.
Na véspera, as notícias do âmbito político acabaram pressionando o dólar para baixo ante o real, sobretudo a intenção do novo governo de tentar aprovar a reforma da Previdência ainda no governo de Michel Temer.
Guedes falou ainda sobre a independência do Banco Central, da possibilidade de uso de reservas em caso de ataque especulativo ao câmbio e ainda defendeu a continuidade de Ilan Goldfajn à frente do BC, embora isso ainda não esteja definido.
No exterior, o dólar tinha leve alta ante a cesta de moedas, mantendo-se em sua máxima de 16 meses uma vez que a recuperação das ações globais impulsionavam a demanda pela moeda norte-americana. O dólar subia também ante as divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
Atuação do BC
Com a oficialização, nas urnas, do cenário que mais agradava ao mercado, havia alguma expectativa em torno do futuro dos swaps cambiais tradicionais, mas o BC sinalizou na véspera que pretende rolar integralmente o vencimento de dezembro, de US$ 12,217 bilhões, segundo a Reuters.
Em outubro até a terça-feira, o dólar caiu 8,58%, ou quase R$ 0,35, o que criava a expectativa de que a autoridade monetária poderia deixar de rolar parte de seu estoque de US$ 68,864 bilhões. No ano, o dólar acumula alta de 11,4%. No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 0,42%, vendida a R$ 3,6913.
Na noite da véspera, no entanto, o BC já anunciou leilão para esta quinta-feira leilão de 13,6 mil contratos, volume que, se repetido até o final do mês e vendido integralmente, rolará o total de dezembro.
Agenda reformista
Segundo a Reuters, a crença de que Bolsonaro seria eleito fez com que o dólar ficasse mais barato em 20 centavos de real entre o primeiro e segundo turno, mas a continuidade desta queda passa a depender do que o novo governo vai implementar de fato.
De acordo com a Reuters, o recuo do dólar ante o real já durante a corrida pelo segundo turno das eleições foi em decorrência da precificação da presença do liberal Paulo Guedes na equipe de Bolsonaro como ministro da Fazenda, responsável por implementar medidas caras ao mercado, como ajuste fiscal, privatizações e reforma da Previdência. Mas esse otimismo entre os investidores só vai se manter se a agenda reformista andar.
Segundo o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, o mercado confia que Paulo Guedes possa atrair investimentos grandes e duradouros para o país, o que significa que pode entrar dinheiro no Brasil e o dólar vai ficar mais barato.
Desta forma, entre os profissionais do mercado, segundo a Reuters, a moeda entre R$ 3,60 e R$ 3,70 seria um bom intervalo de preços para esse cenário principal imediato, com potencial adicional de queda com novidades que agradem o mercado, como a confirmação de que Ilan Goldfajn pode permanecer na presidência do Banco Central, cargo que ocupa desde junho de 2016.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 recuou de R$ 3,75 para R$ 3,71 por dólar, segundo previsão de economistas de instituições financeiras divulgada pelo boletim de mercado, também conhecido como relatório “Focus”. Para o fechamento de 2019, permaneceu estável em R$ 3,80 por dólar.
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