Na última sessão, na sexta-feira (26), a moeda dos EUA fechou a R$ 3,6518.
O dólar passou a operar em alta nesta segunda-feira (29), após cair abaixo de R$ 3,60, com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente e seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, dizer que a prioridade será a reforma da previdência.
Às 12h51, a moeda norte-americana subia 0,48%, vendida a R$ 3,6712. Veja mais cotações.
A moeda chegou a ser negociada a R$ 3,5823 no início da sessão. Desde maio, a moeda não era negociada abaixo de R$ 3,60 – no dia 10 daquele mês, o dólar fechou em R$ 3,5461. Na máxima do dia, a divisa dos EUA chegou a R$ 3,6727.
Em seu discurso após ser declarado vitorioso, Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição, fazer um governo democrático e unificar o país, além de defender compromisso com a responsabilidade fiscal.
Paulo Guedes declarou que buscará zerar o déficit fiscal, fazer a reforma da previdência e do Estado, acelerar as privatizações, simplificar e reduzir impostos, além de eliminar encargos e impostos trabalhistas sobre a folha de pagamentos – medidas bem vistas pelo mercado.
O Ibovespa, principal índice de ações do mercado acionário brasileiro, chegou a atingir a máxima histórica intradia, acima de 88 mil pontos, mas passou a oscilar nesta segunda-feira.
“Os próximos drivers para o dólar local serão a divulgação da equipe econômica e esclarecimentos em relação ao plano de governo”, afirmou à Reuters o sócio da assessoria de investimentos Criteria Investimentos, Vitor Miziara, referindo-se a questões como controle de gastos e reforma da Previdência.
Cenário externo
No exterior, o dólar opera em queda ante a maioria das divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno.
Ante a cesta de moedas, no entanto, o dólar sobe, em dia de fraqueza do euro após a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter declarado que não buscará uma reeleição como presidente do partido, marcando o fim de uma era de 13 anos em que ela dominou a política europeia.
No geral, entretanto, seguem as preocupações com a guerra comercial e seus efeitos sobre o crescimento, sobretudo da China, Brexit, orçamento italiano e alta de juros nos Estados Unidos.
“A longa lista de problemas lá fora volta a ganhar destaque e pode inibir a queda (do dólar ante o real) daqui em diante”, disse à Reuters o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer.
Atuação do BC
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de novembro, no total de US$ 8,027 bilhões. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Última sessão
Na última sessão, na sexta-feira (26), a moeda dos EUA caiu 1,39%, vendida a R$ 3,6518 – menor patamar desde 24 de maio (R$ 3,6471).
Na semana passada, o dólar acumulou queda de 1,64%. No mês de outubro, recuava 9,56% até dia 26. No ano, a moeda acumula alta de 10,21%.
Agenda reformista
De acordo com a Reuters, o recuo do dólar ante o real já durante a corrida pelo segundo turno das eleições foi em decorrência da precificação da presença do liberal Paulo Guedes na equipe de Bolsonaro como ministro da Fazenda, responsável por implementar medidas caras ao mercado, como ajuste fiscal, privatizações e reforma da Previdência. Mas esse otimismo entre os investidores só vai se manter se a agenda reformista andar.
“O mercado confia no Paulo Guedes, há a crença de que ele pode atrair investimentos grandes e duradouros para o país, o que significa que pode entrar bastante dinheiro no Brasil e o dólar vai ficar mais barato”, avaliou à Reuters o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
Desta forma, entre os profissionais do mercado, segundo a Reuters, a moeda entre R$ 3,60 e R$ 3,70 seria um bom intervalo de preços para esse cenário principal imediato, com potencial adicional de queda com novidades que agradem o mercado, como a confirmação de que Ilan Goldfajn pode permanecer na presidência do Banco Central, cargo que ocupa desde junho de 2016.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 recuou de R$ 3,75 para R$ 3,71 por dólar, segundo previsão de economistas de instituições financeiras divulgada pelo boletim de mercado, também conhecido como relatório “Focus”. Para o fechamento de 2019, permaneceu estável em R$ 3,80 por dólar.
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