Internacionalização do chocolate bean to bar: como iniciar o processo de exportação!
Post publicado por Redação
Ana Maria Matta Walcher e Gisele Bianchini, especialistas na área, respondem questionamentos comuns de empresários que desejam iniciar o processo de exportação de seus produtos
Um plano de internacionalização de marcas associadas de chocolates bean to bar e tree to bar é uma das frentes de trabalho da Associação Bean to Bar Brasil em 2022. Para contribuir com o assunto, as especialistas em exportação Ana Maria Matta Walcher e Gisele Bianchini falam sobre as etapas do processo, registros necessários e sobre os diferenciais do chocolate bean to bar como produto para exportação.
Ana Maria e Gisele atuam como consultoras no Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), junto à Apex Brasil.
Confira a entrevista:
Associação: Como identifico se a minha empresa está pronta para exportar?
R: Muitas pessoas quando pensam em exportar, iniciam com a pergunta “Para onde vou exportar?”. Mas, iniciar o processo pelo mercado-alvo é equivocado e pode levar ao fracasso do seu processo de exportação.
Os custos precisam ser analisados e estarem devidamente alinhados para a realização de uma exportação segura. O mercado externo pode, muitas vezes, exigir preços menores, características diferentes do produto, fornecedores com qualidade e preços diferentes.
Além disso, também precisam ser analisados no seu custo exigências externas de maior automação, processos de produção mais competitivos, desenhos mais inovadores. Será necessário adequar, por exemplo: as embalagens.
Para enfrentar um ambiente globalizado e cada vez mais competitivo, a exportação se torna um caminho importante na busca por um lugar privilegiado no mercado. Ao incluir o mercado externo em suas atividades, as empresas ampliam a competitividade, geram ganhos de escala produtiva e, consequentemente, aperfeiçoam seu processo produtivo.
Associação: Qual o primeiro passo para se tornar uma empresa exportadora?
R: Existem nove principais etapas para a exportação. Siga essas etapas, contrate uma empresa para auxiliar você e vamos lá!
1- Avalie a sua capacidade exportadora;
2- Identifique os produtos mais competitivos, aqueles que são menos vulneráveis à concorrência internacional;
3- Selecione poucos mercados e identifique quais segmentos deles são mais adequados para você. Entenda com quem quer competir e qual será seu público-alvo;
4- Selecione a forma de entrada no mercado escolhido: agente, distribuidor, filial, etc.;
5- Defina seu perfil, objetivos, perfil do parceiro ideal;
6- Realize um plano de comunicação e promoção completo;
7- Selecione possíveis candidatos a parceiros (importadores, compradores, distribuidores, etc.);
8- Estabeleça um roteiro de trabalho;
9- Elabore um contrato e prepare-se para iniciar!
Durante todo o processo você precisará se preocupar constantemente e cuidadosamente com o transporte de uma forma competitiva e eficiente.
Um transporte nesses moldes significa ter uma ótima logística, embalagem, aspectos legislativos e alfandegários, entre outros.
Para ser um bom exportador você também precisa saber gerenciar mercados. Selecionar bem os mercados, parceiros, as modalidades de entrada, além de ter uma boa comunicação e distribuição do seu produto.
Uma exportação de sucesso precisará levar em conta vários parâmetros e seguir atentamente as etapas da exportação.
Conhecer as barreiras existentes também é essencial para garantir que seu processo de internacionalização terá êxito.
Você precisa, antes de tudo, se certificar se sua empresa tem condições de competir. Não basta ter um produto atraente, ele precisa ser competitivo no mercado exterior e você precisa se adequar e seguir as etapas da exportação.
Associação: Quais são os registros necessários para exportação?
R: Para falarmos sobre os registros primeiramente precisamos anotar os principais documentos necessários em um processo de exportação:
Cadastro como exportadora no RADAR (Radar é o Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros) x Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior da RFB);
Registro de intenção de compra por parte do importador;
Contrato de câmbio;
Modelos de fatura proforma;
Documentos do contrato de exportação.
Além disso, alguns produtos que você irá exportar necessitam de documentos específicos. Portanto, é sempre bom realizar essa consulta com um Despachante Aduaneiro que realiza a representação aduaneira do Exportador e Importador junto aos recintos alfandegários aduaneiros do país de origem e junto aos órgãos anuentes. O Despachante Aduaneiro é um Interveniente Aduaneiro, figura importante para as operações de comércio exterior.
Associação: Qual o diferencial que vocês veem no chocolate bean to bar como produto para exportação?
R: Entre tantas qualidades que poderíamos listar, a sustentabilidade envolvida durante o processo produtivo e a brasilidade que o produto leva são os grandes diferenciais para exportação deste tipo de chocolate: a sustentabilidade é um dos valores mais discutidos não apenas no mercado internacional, mas também entre os consumidores. Por isso, a maneira como uma empresa age sobre o meio ambiente, a sociedade e sua governança se tornaram relevantes para a relação entre marca e cliente.
a brasilidade: assim como o café, o cacau traz surpresas sempre únicas, a depender da safra, da região, do processo de secagem, do clima, entre outras características intrínsecas brasileiras. Todas estas variáveis formam os sabores de um chocolate com notas diferentes e, portanto, um sabor diferente. Combinando-o com demais ingredientes brasileiros como açaí ou a castanha do Brasil, por exemplo, resultará numa experiência sensorial única para o consumidor. E assim temos um produto que traduz a brasilidade dos nossos ingredientes que são muito procurados em mercados fora do Brasil.
Associação: Quais dicas vocês destacam para uma empresa de chocolate bean to bar que deseja exportar seus produtos?
R: A empresa deve se esforçar em comunicar sua marca ao mercado informando tanto os diferenciais funcionais de seu produto, mas também os benefícios emocionais que ele traz.
Alguns exemplos que as empresas podem comunicar é a grande diferença na produção de um chocolate bean to bar, no acompanhamento de todo o processo produtivo, na escolha das matérias primas, nos ingredientes escolhidos, que não são os mesmos de uma indústria convencional que produz em larga escala, incluindo os benefícios à saúde quando este segmento não utiliza aditivos químicos.
Nos diferenciais emocionais é importante a empresa oferecer algo além dos benefícios funcionais do produto: uma sensação, uma experiência que deve acompanhar o consumo, como a preocupação com o meio ambiente, a valorização dos produtores rurais e o pagamento de preços justos aos mesmos. Essa “sensação” positiva acaba tornando-se inerente ao produto, e pode ser sentida e compartilhada pelos consumidores por meio de como a empresa faz essa comunicação ao seu público-alvo.
Ana Maria Matta Walcher
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Fonte: cargonews.com.br