Eficiência energética, compartilhamento de cargas, regulamentação da cadeia fria, planejamento tributário são alguns dos destaques do que será visto nos centros logísticos nos próximos anos
A temática de Intralogística liderou as apresentações do Intermodal Xperience no bloco da tarde do primeiro dia (06) de evento 100% online. A cadeia logística do frio foi o tema de um encontro que recebeu o presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Pedro Moreira; o CEO da Friozem, Fábio Fonseca e o diretor de operações da Martin Brower, Fábio Miranda.
Para Fonseca, da Friozem, referência em armazenagem, transporte e distribuição de produtos sob temperatura controlada, o país ainda apresenta um nível alto de ociosidade nos armazéns dedicados à cadeia do frio, com taxas de ocupação girando atualmente em torno de 60%. “A pandemia da Covid-19 influenciou este número em razão da desvalorização do dólar e a diminuição dos estoques internos, uma vez que o foco maior ficou na exportação. O fechamento dos food services também contribuiu”, disse. Porém, o executivo acredita que no médio e longo prazo a perspectiva é que essa ociosidade seja normalizada.
Sobre o cenário de crise gerado pela pandemia, Miranda, da Martin Brower, empresa de distribuição e gestão do supply chain para redes de restaurantes, disse que a alternativa pelo delivery dos restaurantes que foram fechados de forma abrupta não foram suficiente para suprir o vácuo deixado. “O que nos permitiu passar pelo pior da crise foi a flexibilidade que negociamos com clientes e parceiros”, afirmou. Para ele, a retomada para 2021 ainda está suscetível a vacina da Covid-19.
Um ponto comum que foi abordado no debate virtual foi a necessidade de uma regulação padronizada das operações do segmento. “Não há uma legislação específica do SIF (Serviço de Inspeção Federal), por exemplo, para armazéns frigoríficos”, pontua Fonseca. Já o diretor de operações da Martin Brower citou a necessidade de uma legislação específica para operadores logísticos.
Neste sentido, o presidente da Abralog disse que a entidade criou um novo núcleo de discussão, o Comitê da Cadeia do Frio, que busca justamente tratar essas vertentes da regulação necessária e também os processos e tecnologias do segmento.
Compartilhamento de Cargas é a tendência que deve crescer
Em outro momento do primeiro dia do Intermodal Xperience, a discussão voltou-se para a otimização de recursos para evitar que caminhões transitem com baixa ocupação de cargas, já que a iniciativa de compartilhamento de entregas entre diferentes empresas têm ganhado força. Do estado do Ceará, o diretor de operações do Grupo EBD – distribuidor de alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal -, Adriano Maeda, apresentou os resultados do projeto “Central de Compartilhamento de Cargas (CCC)”, realizado em parceria com a operadora logística Link Logistics.
Na prática, Maeda explica que o projeto CCC funciona da seguinte forma: os pedidos (notas digitais eletrônicas) das empresas distribuidoras que fazem parte do projeto CCC são enviados para um software de gestão de transporte de cargas e a Link Logistics faz todo o fluxo de coleta das mercadorias em cada empresa, consolidação e a entrega da carga.
“Conseguimos quebrar um paradigma ao criar um ambiente de colaboração entre empresas distribuidoras concorrentes. O que resultou na redução de custos logísticos ao realizar entregas em menos tempo e com mais frequência nos clientes”, afirma Maeda, que acrescenta ainda: “e por fim, o que consolida todo o projeto CCC é o aumento no faturamento local em 15%”.
Depois de três anos de execução, o diretor de operações do Grupo EBD explica que os próximos passos para o projeto CCC são focados em duas frentes: a experiência do cliente (customer experience) e as inovações tecnológicas da logística 4.0. “No sentido de melhorar o nível de serviço para o cliente a ideia é passar a entregar 100% dos pedidos no estado do Ceará em até 24 horas, e em clientes-chave em até oito horas, e ter uma disponibilidade de estoque com zero ruptura. Também estamos analisando formas alternativas de entrega com pontos de coleta e outros meios de transporte como motocicletas, bicicletas e – futuramente – drones”, revela Maeda.
Eficiência Energética
Ainda pensando na otimização do gerenciamento da cadeia de suprimentos, as questões ligadas à eficiência energética em indústrias, centros de distribuição e galpões podem impactar significativamente a receita das empresas ligadas à operação logística. Um estudo da gestora de energia Comerc Esco apontou que a indústria tem potencial de economizar cerca de R$ 4 bilhões por ano em energia elétrica apenas com a adoção de soluções de eficiência energética.
O executivo Luis Guilherme Pires, diretor Comercial do Grupo Luminae Energia, que é referência em eficiência energética na América Latina, explicou que os três pilares de eficiência energética são baseados: na redução da potência, com a substituição por iluminação LED que pode gerar até 80% de economia; fontes alternativas de geração; e por último a gestão da energia.
Pires ilustrou a apresentação com um exemplo do Grupo. “Contamos com soluções que utilizam o LED mais eficiente do mundo, o que garante uma alta performance em iluminação. E também o monitoramento em tempo real do consumo de energia com gráficos e relatórios que possibilitam a gestão total da energia, além de alertas de anomalias que evitam o desperdício”, afirmou.
Análises Tributárias x Logística
A relação entre logística e o sistema tributário nacional também foi um dos destaques do primeiro dia de Intermodal Xperience. Quem abordou o assunto foi o sócio da Dessimoni & Blanco Advogados e vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Alessandro Dessimoni.
Segundo ele, este é um tema sempre atual e relevante, já que o sistema tributário brasileiro é bastante complexo. “Se fizermos um breve retrocesso e avaliarmos cerca de vinte anos atrás, veremos que o Brasil tinha uma carga tributária por volta de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e hoje essa mesma carga tributária gira em torno de 35% do PIB. Isso tem uma explicação ligada à legislação fiscal: são todas as alterações e reformas que foram acontecendo, principalmente em nível federal, ao longo dos últimos anos. Com isso, hoje vivemos uma realidade que apresenta um número enorme de tributos: são mais de 80 no Brasil. Somente o ICMS tem mais de 45 alíquotas. E tudo isso impacta diretamente as estruturas das empresas, principalmente as que operam em mais de um estado do País”, afirmou.
Dessimoni vai ainda mais fundo na questão e exemplifica. “Uma das mudanças que ocorreram na legislação, no começo da década de 2000, por exemplo – que foi a não cumulatividade do PIS e do COFINS – sofreu uma série de alterações desde então e hoje em dia as empresas de serviços (logísticos, de transporte, armazéns gerais, entre outros) sofrem com uma grande restrição de crédito, causando um aumento de carga tributária também na ponta de todo o processo”.
Por essas e outras razões que o advogado considera fundamental que as empresas do setor criem o hábito de fazer análises e planejamentos tributários sobre suas respectivas malhas logísticas. “Esse é o cenário em que vivemos e para a construção desse planejamento fiscal é muito importante que as companhias consigam criar um linha base de suas respectivas cadeias produtivas, perguntando-se onde estão os principais fornecedores, onde são compradas as matérias-primas, se há centros de distribuição suficientes, onde eles estão localizados e etc., para que assim se entenda qual é carga tributária, de fato, sobre as respectivas cadeias e se possa então traçar estratégias mais assertivas com relação a isso”, finalizou.
Vitrine online de produtos e serviços
A plataforma Xperience também disponibiliza para os participantes uma vitrine digital com imagens e informações sobre equipamentos, tecnologias e serviços das empresas expositoras do evento. No espaço é possível fazer uma solicitação de orçamento diretamente para o fornecedor que está online para facilitar uma conexão direta e rápida com os potenciais clientes.
Entre os expositores estão marcas como a Modal GR, Huawei do Brasil, Logicomex Assessoria Aduaneira, TOTVS e a Reconlog. A lista de expositores conta com fornecedores de todos os modais: aéreo, aquaviário, ferroviário, rodoviário, marítimo e de segmentos como consultoria de recursos humanos; embalagens; equipamentos para estocagem; estrutura de armazenagem; intralogística; maquinário e equipamento; sistema de segurança; softwares e sistemas; veículos e montadoras; transportadora; entre outros.
Serviço:
Evento: Intermodal Xperience.
Data: De 6 a 8/10/2020.
Mais Informações: bit.ly/2ZgD8BM
Inscrições: bit.ly/33923Z5
Assessoria de Imprensa
O post Intralogística: O que podemos esperar para o futuro? apareceu primeiro em CargoNews.
Fonte: cargonews.com.br