Ações de empresas para noticiar trabalho social podem soar artificiais
Já repararam que durante as famosas lives de cantores famosos muitas empresas se valem da maciça audiência para fazer doações de alimentos, produtos de higiene, limpeza e outros itens que a população mais carente tanto precisam? Se perguntaram por que tais gestos humanitários e de doação ao próximo são feitos nesses instantes em que milhões de pessoas assistem a determinado show? Esse tipo de marketing societal (ou filantrópico) serve para mais do que simplesmente fazer o bem.
Para explicar esse fenômeno atual, o professor da ESPM e profissional de Marketing Digital Bruno Peres pode responder essas e tantas outras dúvidas. Ele que já trabalhou no UNICEF (em sua sede em Nova Iorque) e na Agência de Refugiados da ONU conhece como podemos identificar possíveis empresas que tentam se valer de momentos de caos para propagandear ações sociais.
Vivemos um tempo de caos, algo que não se via desde a gripe espanhola dizimar milhões de pessoas no começo do século XX. Mas durante a pandemia atual, vimos aflorar no ser humano a generosidade e amor que os move e transforma a dificuldade em união e doação. É muitas vezes o gesto de estender a mão o diferencial entre salvar ou perder uma vida. Vimos isso em pessoas físicas e, também, nas jurídicas.
Essas empresas que adotam posturas sociais e fazem a diferença na vida dos mais necessitados ganham destaque na mídia pelo ato de gentileza que fazem, aplausos da sociedade além de muitos “likes” e “shares” nas redes sociais. Mas tal gesto nobre precisa ser noticiado? Por que? Com que finalidade?
Nos acostumamos a escutar durante as lives: “Nossa, o supermercado X está doando 5 toneladas de alimentos! Obrigado X pela doação! ” Essa prática típica do terceiro setor tem o real interesse de vincular o nome da empresa a atos sociais que ajudam os mais necessitados. Em suma, é uma estratégia de marketing que faz o bem e, em troca, traz uma percepção positiva à população sobre o lado humano daquela empresa.
E quando pensamos nesse viés “marqueteiro” várias dúvidas surgem em nossa mente:
Existem empresas que doam somente para ganhar visibilidade frente ao caos?
É legítimo esse tipo de estratégia?
Essas empresas não deveriam ter gestos sociais independente da pandemia?
Como identificamos possíveis fraudes nesse processo?
Há como acompanhar se a doação realmente aconteceu?
Empresas líderes em reclamações no PROCON por parte de clientes tentam reverter parte da “má fama” que possuem com esse tipo de prática?
Nada contra o trabalho social e as pessoas que serão atingidas positivamente pelas doações, mas mostra uma ponta que passa despercebida. Vamos repercutir mais a respeito?
Sobre o especialista:
Bruno Peres já foi premiado globalmente por seus cases na área de marketing e planejamento digital, nas quais atua desde 2004. Com formação em design digital, especialização em comunicação digital, certificações executivas pelo MIT, em Boston, e pela Universidade de Toronto, no Canadá, um MBA em marketing estratégico pela USP-RP e atualmente mestrando pela FEA-USP.
Foi líder global de inteligência de marketing na sede da ONU em Nova York, trabalhou e liderou equipes em empresas como GROUPON, Accorhotels, iFood, Discovery Channel, UNICEF e na Agência de Refugiados da ONU. Atua como docente desde 2010 e já ministrou aulas e palestras em 9 países.
Assessoria de Imprensa
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Fonte: cargonews.com.br